quarta-feira, 20 de junho de 2018

O BAGEENSE QUE SALVOU A VIDA DE 1500 EXPEDICIONÁRIOS BRASILEIROS

João Francisco da Silva

João Francisco da Silva, em 1944, na época com vinte anos de idade estava servindo à pátria no antigo Regimento de Cavalaria, atual 3º Batalhão Logístico (3º Blog) e foi voluntário para ingressar a Força Expedicionária Brasileira (FEB). Em casa, conseguiu enganar a mãe e as irmãs, dizendo que tinha sido convocado pelo time de soldados para jogar futebol em Rio Grande e no Rio de Janeiro. No entanto, seu padrasto desconfiou da história e o seguiu até a Estação Ferroviária de Bagé e percebeu o verdadeiro destino do enteado: a Segunda Guerra Mundial. De trem, João Francisco foi até Rio Grande e de navio até o Rio de Janeiro, onde ficou três meses em treinamento e após quinze dias e quinze noites no oceano, enfim desembarcou em Nápoles na Itália.  Em território inimigo quando estava em Stafoli, foi designado para vigiar uma ponte que dava acesso ao acampamento brasileiro. E foi nesse momento que percebeu a aproximação de um italiano, de bicicleta, com uma caixa suspeita no bagageiro. Então, gritou e ordenou para que o indivíduo recuasse, mas este não obedeceu e somente com um tiro abateu o italiano, que trazia na caixa uma bomba capaz de mandar soldados e barracas pelos ares. Meses após com o final da Guerra, após retornar para o Brasil com o sentimento de dever cumprido, trazendo cicatrizes na mão esquerda e no rosto, oriundas dos estilhaços da explosão de uma granada, e o orgulho de ter fincado a bandeira brasileira em solo italiano, após a Tomada de Monte Castelo, em 21 de fevereiro de 1945. Chegando a Bagé surpreendeu a todos, pois muitos achavam que tivesse morrido.
Após, desempenhou por anos várias atividades rurais e urbanas para ganhar a vida, até que o Major Murilo Budó, mandou um ofício para o Presidente Costa e Silva, solicitando sua nomeação para o Hospital Militar de Bagé, o qual serviu por doze anos.  No entanto, somente trinta anos após o término da guerra, saiu sua promoção, inicialmente como primeiro sargento e depois, durante o governo de Fernando Collor, foi promovido a segundo tenente. João Francisco casou duas vezes e teve sete filhos. Dos trinta e três “pracinhas” bageenses que retornaram da Segunda Guerra Mundial, João Francisco é o único vivo.  Hoje, com noventa e dois anos de idade, reside no bairro Santa Flora.

FONTES: 

Lopes, Cássio Gomes e Lucas, Edgard Lopes. “A Rainha da Fronteira – Fragmentos da História de Bagé”, Bagé, Pallotti, 2015. 183 p.

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