segunda-feira, 25 de junho de 2018

COIVARA

Foto site "Coisas de Caiçara"

A palavra “coivara” é de origem tupi-guarani. Os vários autores que registraram o termo não chegaram inteiramente a um consenso, tanto quanto à sua origem, como a seu significado único que deve ter em português. Uns dão coivara como procedente de coybá, que significa “galharada da roça, galhame da chácara, paus da roça” e, outros que provêm de cô-uára, que quer dizer: “o jazente da roça”, de referência ao mato cortado ou roçado que espera pela queimada, depois de seco.
A prática da coivara foi muito utilizada na região da campanha. Para quem não conhece é a técnica de cultivo mais simples que herdamos dos nativos. Os matos eram cortados e a madeira mais espessa transformada em moirões, tramas e lenha.
Após o mato cortado, tinha-se o cuidado de ter um controle sobre a área cobiçada para o plantio, ou seja, com aceiros bem definidos para o fogo não se alastrasse.
Geralmente, o fogo era ateado em dias sem vento, começando da parte mais alta do terreno, de preferência no período da tarde, quando predomina uma viração de fora.
Nas divisas se postavam as pessoas com vassouras de rama para controlar a propagação do fogo que, na maior parte das vezes, provocava princípios de sufocação e ardência nos olhos.
Depois da queimada, lavrava-se a terra com bois ou cavalos e na beira dos tocos das arvores que restavam plantavam abóbora, mogango, pepino, melancia... E, nas partes limpas, outras culturas como milho, feijão, amendoim, mandioca, etc... Chamavam essas lavouras de “roça” pois eram feitas em cima de áreas roçadas.
A prática da coivara foi eternizada na música de mesmo nome, composta pelo músico bageense Dario Caneda: “Coivara, amontoada no campo/Cruzaste todos estes anos/Foi munício de fogueira/Coivara, mirada lá no horizonte/Luzeiro vai num reponte/Clareando a madrugada/Quando te acende/Tu não recuas/Teu fogo ardente/Tal qual xirua/Queimando tu segue em frente/Deixando a terra nua/Coivara, inspiração atual/Te apelidaram queimada/Acesa por um bagual/Coivara, a retina está secando/Não vê o mato brotando/Não tem lágrimas pra chorar/Coivara, o vento norte soprou/Queimaste o velho angico/Só o Tarumã que restou/Coivara, palanque de curunilha/Deixaste a grama tordilha/Onde um dia o boi pastou”.

Fontes:

Ayrosa, Plínio. “Estudos tupinológicos”, Instituto de Estudos Brasileiros, 1967.100 p.

Glossário etimológico tupi-guarani: termos geográficos, geológicos, botânicos, zoológicos, históricos e folclóricos de origem tupi-guarani, incorporados ao idioma nacional/L.F.R Clerot – 1ª reimpressão, Brasília: Senado Federal, Subsecretaria de Edições Técnicas, Conselho Editorial, 2011. 514 p. (Edição Senado Federal; v. 143).

http://coisasdecaicara.blogspot.com.br/2012/05/coivara.html

https://www.vagalume.com.br/erivelto-pires/coivara.html

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