segunda-feira, 25 de junho de 2018

LUÍS SIMÃO KALIL

Luís Kalil - Acervo Jornal Folha do Sul


Filho de imigrantes libaneses, Luís Simão Kalil nasceu em 19 de novembro de 1937, em Bagé, onde seu pai tinha comércio de “secos e molhados”. Luís era o único homem entre seis filhos de seu Elias Kalil e dona Labibe Simão Kalil.
Começou os estudos na escola Gaspar Silveira Martins e, depois, foi para o renomado Ginásio Auxiliadora, onde concluiu o “científico” em 1954.
Ingressou no curso de Medicina, em 1956, na cidade de Santa Maria. Como o curso, nessa cidade, tinha deficiências, seu fundador, Mariano da Rocha, fez uma parceria com a Universidade de São Paulo, onde os alunos iam durante as férias para estudar no Hospital das Clínicas. Foi nessa ocasião que optou pela cirurgia. Ao terminar o curso, voltou a São Paulo para tentar um emprego, mas soube pelo seu pai que, em Bagé, se instalara o Samdu – Serviço de Assistência Médica Domiciliar e de Urgência, com duas vagas de médicos. Indicado para suprir uma das vagas, permaneceu em Bagé. No entanto, começaram as dificuldades para concluir os estudos e a especialização. Foi, então, para o Rio de Janeiro, onde frequentou o curso do professor Fernando Paulino, que era o maior cirurgião brasileiro. Na ocasião, frequentou o serviço cirúrgico do hospital São Miguel para aprimorar o aprendizado. No Sandu, tratava-se de um emprego federal. Mais recentemente, testemunhou o início da cirurgia videolaparoscópica, tendo sido médico atuante junto ao Ipergs, bem como acompanhou a trajetória desse instituto em Bagé.
Na juventude, em plena década de 1950, foi ligado ao esporte, como plantonista de estádio de futebol da Rádio Cultura, na equipe comandada por Mário Teixeira Codevila. Era apaixonado pelo Grêmio Esportivo Bagé, do qual foi conselheiro e diretor em várias administrações. Com a esposa, que foi vice-presidente jalde-negra, teve participação saliente em várias iniciativas, entre as quais as campanhas para a restauração do sistema de refletores do estádio “Pedra Moura” e a aquisição do ônibus “Abelhão 2”.
O trabalho comunitário realizado pelo médico levou-o à política. Foi vereador eleito em 1976. Presidente da Câmara municipal, mandato interrompido a 14 de agosto de 1978 para assumir como prefeito no lugar de Camilo Moreira, que obteve uma cadeira na Assembleia Legislativa. Kalil era presidente da Câmara de Vereadores e, naquela época, não havia eleição pelo voto direto para prefeito, pois a cidade era considerada área de segurança nacional por se localizar na fronteira do país.
Em 1979, Carlos Sá Azambuja recebeu a nomeação e ele voltou para a Câmara, onde permaneceu até 1982. Em 1985, Bagé deixa de ser área de segurança e ocorria, pela primeira vez depois de 1964, uma eleição pelo voto direto para prefeito. Luís Kalil entra na disputa pelo Partido Democrático Social (PDS), porém, Luís Alberto Vargas vence, ficando Kalil com o segundo lugar.
Em 1988, volta a concorrer, para ser eleito, dessa vez, prefeito de Bagé. Após esse mandato (1989-1992) não voltou mais à política. Sua gestão ficou marcada pelo enfrentamento a uma das piores estiagens da história da cidade, entre 1989 e 1990.
Retornou à Medicina e à literatura, que lhe deram grande prazer até o falecimento, em 27 de janeiro de 2013. Naquele mesmo dia, acontecia, na cidade de Santa Maria, a tragédia da Boate Kiss.
Publicou a partir de 2007: “Contando parece mentira”; “Salim faz preço, freguês/Samuel também faz” e “Deus não esquece”, esses dois últimos títulos num só volume com duas capas invertidas. Participou da oficina literária de Alcy Cheuiche da qual surgiu o livro coletivo: “Nos caminhos da rainha” (2009). Deixou, inédita, uma obra literária em homenagem a sua rua e aos moradores dela. Em 2008, foi patrono da Feira do Livro em Bagé.
Uma das últimas homenagens recebidas em vida foi ter seu nome numa sala do Arquivo Público Municipal e a escolha, por aclamação, para ser o primeiro presidente da Associação de Amigos do mesmo arquivo, fundada em 8 de dezembro de 2011.
Era casado com Leny Nunes Kalil, professora e advogada, com quem teve os filhos: Elias, Rita e Milena.
Seu velório, na Câmara de Vereadores, e o sepultamento, às 19h do dia 28 de janeiro de 2013, no cemitério da Santa Casa de Caridade local, receberam grande presença da população no derradeiro adeus ao médico e pessoa humanitária, político, escritor, familiar querido, cujas muitas qualidades não cabem neste curto espaço biográfico.

Fontes
Jornal Minuano – Edições de 28 de janeiro de 2013 e 1º de fevereiro de 2013
Jornal Folha do Sul – Edição 29 de janeiro de 2013
Livros do homenageado

Artigo escrito em coautoria com Edgard Lopes Lucas

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