quinta-feira, 21 de junho de 2018

QUANDO CACIMBINHAS VIROU PINHEIRO MACHADO

Livro A GUERRA DE CACIMBINHAS, 
de autoria do jornalista Nikão Duarte

Cacimbinhas saiu do mapa em 30 de outubro de 1915, pela decisão exclusiva de seu intendente à época, Ney de Lima Costa, e deu lugar a Pinheiro Machado – tal como se conhece, desde então, o município vizinho, cuja instalação remonta a 1878. A causa para tão importante decisão foi o fato do senador José Gomes Pinheiro Machado haver sido assassinado por Francisco Manço de Paiva Coimbra, um antigo morador cacimbinhense. Para “redimir” a terra de origem do criminoso, o dirigente local, que era forasteiro e ocupava o cargo provisoriamente, deu a ela o nome de sua vítima.
As consequências dessa combinação de acontecimentos se estendem tempo afora. De imediato, a então vila deflagrou uma insurreição civil - tema do livro “A guerra de Cacimbinhas” (Porto Alegre: Com Efeito, 2015) – em que apeou do poder o intendente provisório e espalhou pelas décadas seguintes sucessivos, mas mal sucedidos movimentos pela retomada do nome original. E na atualidade, mesmo que assimilada a denominação imposta, a comunidade praticamente ignora a figura pública que, no seu tempo, foi o político gaúcho de maior influência nacional, só encontrando paralelo posterior em Getúlio Vargas que, aliás, foi seu herdeiro político.
A mudança que supera um século e é, ainda hoje, uma situação mal resolvida, comete injustiça tanto para com a população quanto ao homenageado, punindo aquela pelo gesto de um desatinado e este por relegá-lo ao esquecimento entre os habitantes da terra que recebeu o seu nome. Esse duplo desperdício histórico está a exigir um gesto de conciliação que aproxime a Cacimbinhas que virou Pinheiro Machado do Pinheiro Machado, cujo idealismo pode ser comprovado por circunstâncias como a de ter servido voluntariamente às forças brasileiras em confronto com o Paraguai, de ser um dos “pais” da República, e de constituir a base para a sua preservação como regime político desde 1889.

*Coautoria deste texto: Luiz Antonio Farias Duarte – “Nikão Duarte”

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