quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Meu Cusco!


Ainda me lembro de quando aparecesse à primeira vez, nem sei por que te jogaram fora, pois tu juntavas o gado com perfeição, cuidava de minhas garras como fosse suas e podia passar o tempo que fosse sempre me recebia façeiro fazendo festa. Quando eu pegava o freio para ir buscar meu cavalo tu ias de atrás mordendo minhas botas de felicidade. Certa feita, numa lida de mangueira, por acidente uma égua te pisou a pata e tu foste levado de camionete pras casa. Tu eras caborteiro, não deixa te curar direito e foi necessário ficar na cidade uns tempos para melhor te tratar. Num verão de intenso calor um berne te pegou no lombo, coçasse tanto, tanto, que chegasse a perder o pelo e a bixeira te pegou. De novo te levei para vila para que te recuperasse melhor. Quando quase todas as noites eu chegava já tarde, da faculdade, tu de longe me reconhecias e ias me receber fazendo grande fuzarca, acordando a toda vizinhança. Quando voltasse para fora, entre uma campereada e outra, volta e meia entocava um tatu ou mulita, a qual sempre eu devolvia para o mato, eras mui bueno de rastro. Ahhh!!! Quantas recordações... Um dia lá de fora tu sumisses. Um lindeiro te avistou de atrás de uma cadela alçada de um andarilho que cruzava por esses pagos, foi a ultima notícia que tive de ti. Transcorreram-se muitos anos, vários cachorros tive, mas por mais que o tempo voe, seu latido inconfundível permanece bem vivo em minha memória, meu amigo "Gaipeca".