quarta-feira, 20 de abril de 2016

OS SEIVAIS

A metade sul do Rio Grande do Sul foi, por séculos, fronteira entre Portugal e Espanha. Para delimitar o território de cada reino, foram assinados vários acordos, entre eles: Tratato de Tordesilhas (1594), Tratado de Madri (1750) e Tratado de Idelsoso (1777). Sendo que a Região da Campanha Gaúcha, na maioria desse tempo, fora de domínio espanhol. Pois bem, “seibo” é o termo utilizado pelos hispânicos para denominar uma árvore, comum de banhados, que aqui conhecemos como “corticeira”. Sua flor é um dos símbolos do município de Bagé e flor-símbolo do Uruguai e da Argentina. Em nossa Região alguns acidentes naturais foram denominados em razão da existência em abundância dessa planta: Arroio Seival, em Candiota e Arroio Seival, em Caçapava do Sul. Em ambos os locais, aconteceram combates. No primeiro, travou-se um confronto entre as forças rebeldes de Antônio de Souza Netto contra as tropas legalistas de João da Silva Tavares, no dia 10 de setembro de 1836, durante a Revolução Farroupilha, que culminou com a Proclamação da República Rio-Grandense. No segundo deu-se um embate no dia 25 de novembro de 1926, entre as tropas rebeldes comandadas pelos irmãos Alcides e Nelson Etchegoyen contra as forças governistas que tinham entre seus líderes o então intendente de Alegrete, Oswaldo Aranha, durante a Revolta Tenentista. Cabe destacar que, além do nome, existe outra semelhança bem interessante que, em ambos episódios, os governistas foram vencidos pelos revolucionários, em desvantagem numérica. Finalizo salientando que as informações destacadas nesse artigo visam exclusivamente elucidar e diferenciar ambos os fatos.

VENDEDORES AMBULANTES DE DOCES

Quem nunca na vida passou por um vendedor ambulante de doces e não ficou com água na boca ao ver suas sacolas de náilon ou de lona repletas de apetitosas guloseimas? Até o final da década de 1990, eram dezenas deles; hoje, restam apenas alguns, que superaram corajosamente dificuldades e quebraram paradigmas ao se adaptarem ao Mundo globalizado que vivemos. Procurando saber um pouco mais sobre o trabalho desses profissionais, recentemente parei um deles numa rua no centro de Bagé. Trata-se do senhor Luis Carlos Idacir Lemos, que exerce a função há trinta e quatro anos e mesmo após ter se aposentado, não largou o ofício. Relatou-me Lemos que, outrora, tinha mais onze colegas, que atuavam no Litoral Norte, Litoral Sul e alguns municípios da Região da Campanha. E que geralmente se hospedavam nas cidades pólos, em pensões, alojamentos ou casas de uso coletivo, onde compartilhavam, não só do chimarrão e alimentos, bem como sonhos e projetos. Também me contou que percorriam diariamente, a pé, quilômetros pelos bairros das cidades, para vender seus produtos, a maioria oriundos de Pelotas, entre eles: Passa de pêssego, figada, goiabada, pessegada, marmelada, abobrada, cocada, quindim, panelinha de coco, medalhão de doce de leite, fios de ovos, beijo alemão, queijadinha, rapaduras de amendoim, de leite e surtida etc... Finalizo este artigo, salientando que, devido a fatores econômicos, políticos, culturais e o aumento do uso da tecnologia no setor produtivo, muitas profissões deixaram de existir e, antes que o ofício de vendedor ambulante de doces venha a fazer parte desta listagem, deixo aqui meu singelo registro.