quarta-feira, 20 de junho de 2018

POVOADOS RURAIS: VILA AFONSO JACINTO

Em algumas viagens que realizei de Bagé a Dom Pedrito, avistei por diversas vezes à esquerda da BR-293, cerca de cinco quilômetros do Passo da Ferraria, uma igreja quase encoberta pela vegetação.  Consultando um mapa antigo, descobri o nome do local: “Vila Afonso Jacinto”. Em busca de maiores informações, efetuei uma expedição ao lugar. Ali entrevistei moradores, que me contaram um pouco da história da localidade. Segundo eles, o terreno onde se encontra a igreja pertencia à Fazenda São José, de propriedade de Zebina Jacinto. Lindeiro aos campos da fazenda, existia um rancherio de mais ou menos vinte ou trinta casas, onde habitavam trabalhadores rurais com suas famílias em sítios e chácaras. Eles não dispunham de assistência médica e, quando necessitavam de socorro, tinham que se deslocar até Bagé ou Dom Pedrito. Adquiriam os gêneros alimentícios no Bolicho do Mariano Ferreira na própria vila, ou nos comércios da Maria de Leon e do Sr. Machado, que ficavam próximos ao Passo da Ferraria. Tinham como divertimento os bailes que aconteciam nas próprias casas das pessoas, geralmente animados pelo gaiteiro Nadir de Leon; e as carreiras, que eram disputadas na cancha do casal João Aguiar dos Santos e Neusa Santos de Leon, na localidade da Ferraria. As famílias que residiam no povoado eram Ferreira, Andrade, Camejo, Freitas, de Leon e Barreto. Enfim, o povoado era bastante movimentado e foi justamente isso, que por volta de 1960, levou Zebina a construir uma igreja, com o objetivo de proporcionar assistência religiosa aos moradores. 
Igreja Nossa Senhora da Salete - Foto do autor

Dedicada à Nossa Senhora da Salete, a capela teve os vitrôs decorativos doados pelos irmãos de Zebina. As missas eram ministradas pelo padre André, da cidade de Dom Pedrito e eram realizadas no terceiro domingo de cada mês, onde aconteceram diversos batismos e casamentos. Zebina pensou também na educação do povoado e mandou construir uma escola que ganhou o nome de “Santa Ofanda”, em homenagem a sua mãe Ofanda Brasil de Almeida, que funciona até hoje.

Escola Santa Ofanda - - Foto do autor

Já a denominação do povoado é um tributo ao pai de Zebina, Afonso Jacinto.  Segundo Elisaldo Goulart dos  Santos, morador mais antigo da região, a Vila Afonso Jacinto teve seu declínio por volta de 2006, quando grande parte dos moradores foi residir nas cidades de Bagé e Dom Pedrito.
Atualmente,  somente restam algumas famílias residindo em sítios e chácaras, geralmente distantes umas das outras; além de dezenas de taperas, espalhadas pelos campos e a igreja, que está abandonada, quase oculta no meio da vegetação.

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