sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Cerros de Bagé – Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Rainha da Fronteira.

                                                                                    Cerros de Bagé


O residencial do Cerro é um dos empreendimentos do programa federal “Minha Casa Minha Vida” a ser construído em Bagé. A obra prevê a construção de 81 unidades e está orçada em R$4,1 milhões. Depois do impasse entre a Caixa Econômica Federal e a construtora responsável pela execução do projeto, outro impasse emperra o andamento das obras. Após denuncia feita pelo Conselho Municipal do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental de Bagé (Compreb) junto ao Ministério Público, a promotoria abriu inquérito para investigar a construção do Residencial. O presidente da Compreb Guilherme Rodrigues Bruno defende que a construção do residencial irá descaracterizar um dos maiores patrimônios culturais e históricos do município e também possui um amparo legal para que a o empreendimento prossiga, a lei municipal nº 4.836, de janeiro de 2010, onde consta no artigo quinto que os Cerros de Bagé são patrimônio histórico e ambiental do município. Já o Secretário Municipal de Habitação Guto Nadal, destaca que o local já está consolidado para loteamento e construção de moradias populares desde a década de 80. Após quatro anos de pesquisas, eu e o amigo Edgar Lopes Lucas publicamos o Livro “Cerros de Baye – Santa Tecla, Origens de Bagé”, no qual trazemos vários aspectos interessantes, muitos inéditos sobre a história primitiva de Bagé. Nele destacamos que a nossa região era um grande sertão e a Nação Pampeana que aqui habitava era composta por diversas tribos indígenas: Guenoas, Charruas, Minuanos e Yaros. Estas eram nômades e vagavam pelos campos. O índio Ibagé, fazia parte de uma dessas tribos, provavelmente dos Charruas. Ele inicialmente habitava próximo ao Rio Negro, no território Uruguaio. Com tempo subiu por este mesmo Rio e instalou sua tolderia ao pé de um conjunto de Cerros, que futuramente levaria seu nome. A partir daí os "Cerros de Baye" seriam uma importante referência geográfica tantos para os espanhóis (donos do território), quanto para os portugueses em razão das constantes demarcações relativas aos Tratados de Madri (1750) e Idelfonso (1777). Mais tarde, em 1787, o filósofo, matemático e geógrafo, José de Saldanha, após ter passar por aqui, anos antes em 1753, registrou em Diário Resumido e Histórico da Demarcação: “Serros de Bayé” e escreveu a seguinte explicação etimológica: “Mbaiê” cerros já descritos na derrota de 1786; “Mbay” significa “entre os Tapes, cerro ou monte” e o “ê” seria plural. Portanto caros leitores, os Cerros de Bagé, não são um lugar qualquer e sim uma importante figura topográfica, que inegavelmente é a marca registrada de nossa cidade. Construir um residencial nesse local, com tantos outros espaços urbanos ociosos é retrocesso e um verdadeiro crime contra o patrimônio histórico, cultural e ambiental da rainha da fronteira.

Bagé, 13/12/2012 

EQUIPE DO RASTRO SELVAGEM VISITA PONTOS TURÍSTICOS E HISTÓRICOS DE CANDIOTA

Eu guiando a equipe pelos campos da Estância Três Lagoas, ao fundo Cerro onde se  encontra o Mausoléu do Brigadeiro Manoel Lucas de Lima
Click Gustavo Fonseca



Na metade desse ano em conversa com o Secretário de Meio Ambiente de Candiota, Sr. Aroldo Quintana, o mesmo comentou-me que uma empresa da cidade Pelotas estava interessada em fazer um documentário sobre Candiota. Através de Quintana, consegui o contato da Sra. Aline que repassou meu telefone para os integrantes do grupo “Rastro Selvagem”. Meses após, recebi uma ligação do Sr. Pablo Ribeiro, membro da equipe para agendar uma visita de campo pelo interior de Candiota. Mais que ligeiro me prontifiquei e no dia 17/11/2012 guiei a equipe do Rastro Selvagem por alguns pontos históricos e turísticos de Candiota abaixo descritos:


1.     Vila do Tigre, Vilarejo mais antigo de Candiota;
2.     Estação Ferroviária Candiota;
3.     Mausoléu do Brigadeiro Manoel Lucas de Lima;
4.     Túnel Subterrâneo misterioso;
5.     Caleiras(forno de queimar  cal) e pesqueiros do arroio Candiota;
6.     Usina Velha;
7.     Mina de calcário da Cimbagé (ativa e inativa)
8.     Cerro da Palma;
9.     Local do Combate do Seival;
10.   Vila do Seival;
11.   Cemitério Alto Santa Rosa


Logo após almoçarmos no restaurante do Posto do Cinco, iniciemos o trajeto e findamos somente ao anoitecer. Durante o percurso praticamente nada passava despercebido pelos olhares dos jovens pesquisadores. Na Estação Ferroviária de Candiota, enquanto João Vicente retrava os detalhes arquitetônicos da construção, Pablo ficava imaginando as cenas que ali poderiam ser filmadas. Gustavo por sua vez, atentava-se em filmar minha resenha sobre o local. Depois de verificar Mausoléu do Brigadeiro Lucas de Lima, mostrei um túnel subterrâneo, que até hoje ninguém sabe sua real utilização. A entrada é estreita, com mais ou menos 2 metros de profundidade, em formato de um “L”, local de difícil acesso, para ver seu interior é necessário fazer um verdadeiro contorcionismo e se posicionar de ponta cabeça. Ao retornamos atravessamos uma taipa que dividia dois lindos açudes, ali João Vicente com seu olhar treinado flagrou um passarinho que acabara de dar um rasante e capturar um pequeno peixe bem maior que ele, o qual batia em um galho seco onde pousara, visando comer sua presa. Dali, pegamos a estrada e fomos visitar as caleiras (fornos de queimar cal) pertencentes ao Coronel Manoel Lucas de Oliveira. Custamos a localizá-las, mas no fim valeu a pena, pois são construções impares. Das caleiras andamos alguns metros e nos topamos com as águas do arroio Candiota e seus belos pesqueiros. Dali fomos até a Vila Residencial, onde degustamos alguns pastéis da Fruteira Raupp e visitamos o prédio da Usina Velha (Candiota I) e contemplamos uma linda queda d’agua formada pelas águas do arroio Candiota. No caminho, Pablo achou uns sapinhos pretos os quais a equipe parou para observar. Deixamos a Vila Residencial e depois da Vila da Cimbagé, visitamos outros pesqueiros no decorrer do Candiota. Alguns kilometros dali, verificamos as pedreiras da Cimbagé. Dalí, pegamos a estrada do Passo do Real e no caminho avistamos o Cerro da Palma, onde aconteceu o combate farroupilha de mesmo nome. Depois pegamos a BR 293 e fomos até o local onde aconteceu o Combate do Seival. O sol estava quase se indo e devido a isso somente passamos em frente às ruínas da antiga Vinícola Marimom e cruzamos pela Vila do Seival. E já era quase escuro quando vistamos o Cemitério Alto Santa Rosa, completando com “chave de ouro” o trajeto pelas paisagens de Candiota, Manancial Histórico, Ambiental e Cultural.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

O TEMPO VENTO E CANDIOTA

É inegável que as filmagens do longa metragem: “O Tempo e o Vento” em Candiota trouxeram ânimo para o turismo da cidade. No entanto, isso não significa que o patrimônio histórico de Candiota seja valorizado. Começando pelo próprio palco das cenas, o Cemitério Alto Santa Rosa, onde uma parte do muro de pedras está no chão, o qual poderia ser consertado tranquilamente, se usassem 5% da contrapartida que o governo municipal deu para que as filmagens ali acontecessem. Sempre que posso, falo para as pessoas, que Candiota é sem dúvida de fato um manancial histórico. Porém basta darmos um volta pelo interior de nosso município e constataremos um total abandono e pleno descaso por parte do atual governo em relação aos pontos turísticos e históricos de nossa cidade. Somente na região do Passo do Tigre, existem diversos lugares de importante relevância histórica, podendo citar a antiga Estação ferroviária de Candiota, a antiga sede da estância do Brigadeiro Manoel Lucas de Lima e seu Mausoléu construído em estilo neoclássico, todos datados da segunda metade do século XIX, os quais se encontram em estado deplorável. Nessa localidade também existiu o núcleo habitacional mais antigo de Candiota, conhecido como “Vila Passo do Tigre”. Este foi um povoado prospero, onde existia farmácia, armeiro, ferreiro, farmacêutico, escrivão, frege e o armazém do Sr. Elias Karam, em que o xiru entrava só de cueca e saía pilchado e o cavalo em pelo saía encilhado. Este libanês doou uma área de seu campo para construção de uma igreja, na qual muitos casamentos ali foram realizados e esta atualmente se encontra totalmente abandonada, praticamente tapera e o governo nada faz para resolver o caso, bem como os demais pontos históricos relatados. Sem o falar os outros pontos históricos e turísticos dos demais distritos que não fogem a mesma regra. Isto tudo nos comprova que o atual governo não sabe explorar seu potencial turístico, pois não dá o mínimo de valor para seu patrimônio histórico e se depender do empenho destes, a história de nossa cidade, mais cedo ou mais tarde, infelizmente morrerá. 

Cássio Lopes, 05/10/2012

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

TV Câmara de Bagé entrevista autores do Livro Cerros de Baye - Santa Tecla, Origens de Bagé

                                                Os atores no momento da entrevista


Entrevista concedida pelos autores Cássio Gomes Lopes e Edgard Lopes Lucas ao programa "Letras Conjugadas" da TV Câmara de Bagé, sobre o lançamento do livro "Cerros de Baye - Santa Tecla, Origens de Bagé"


Vídeo da entrevista:

http://www.youtube.com/watch?v=JOLxn3XrikA