quarta-feira, 1 de abril de 2015

COMBATES SINGULARES: "ANDRADES NEVES X MANOEL LUCAS DE OLIVEIRA"

    Andrades Neves         Manoel Lucas de Oliveira


Corria o mês de maio de 1843 quando aconteceu a surpresa de Ponche Verde, em Dom Pedrito, durante a Revolução Farroupilha, um dos últimos planos de Bento Gonçalves, quando resolveu levar o ataque às tropas imperiais comandadas por Bento Manoel Ribeiro.

Os rebeldes atacaram com energia, em cargas sucessivas de cavalaria sobre as hostes inimigas, com maior ímpeto sobre a ala direita, levando por diante a cavalaria desse flanco e redemoinhando, afinal, vitoriosos, em torno da posição contrária, que resiste bravamente, com apoio em dois blocos de infantaria de 300 homens cada, e a cuja sombra se abrigam, por vezes.

Durante o entrevero e sob a fumaça e a poeira dos recontros, o Coronel Manoel Lucas de Oliveira, no decurso do primeiro embate da tropa equestre, divisou, num relance, a soberba figura de Andrade Neves, cuja arte de montar fazia inveja a muitos dos mais consumados cavaleiros da época; com quase dois metros de altura, fazia malabarismos com o sabre e era tido como um dos melhores lanceiros do império. 

Nesse arremesso de Lucas sobre o flanco direito das hostes imperiais, de espada em punho, foi a seu contendor tendo o corpo de seu adversário como alvo sinistro de seu destino; porém, Andrade Neves, mais rápido ainda, como um relâmpago na preservação da vida, girou o seu cavalo, esquivando-se do golpe mas, seu chapéu voou pelos ares e ficou, à guisa de troféu, na ponta da espada de seu antagonista. Ato contínuo, tentou ainda revidar o ataque mas o esquadrão do Coronel Manoel Lucas de Oliveira já se ia adiante, na sua faina arrasadora.

FONTE:

LOPES, João Máximo. “Habilidades Campeiras nas Guerras do Sul”, Porto Alegre, Evangraf/Núcleo de Pesquisas Históricas de Camaquã, 2012. 128 p.

segunda-feira, 30 de março de 2015

PARADA PONS – ESTÂNCIA SANTA ÚRSULA



Estância Santa Úrsula - Parada Pons

A conhecida “Parada Pons” encontra-se distante de Bagé 26 km, em território pedritense.
A sua origem vem do imigrante espanhol Martin Pons. Adquiriu ele uma pequena fração de campo, de uns 20 hectares, onde construiu um rancho de torrão. Ali inicia sua família na beira do caminho que une Lavras do Sul a Bagé. Devido à localização tornou-se parada de carretas que transportavam gêneros alimentícios, madeira, carvão, batata doce, arames e outras mercadorias. Também naquele local paravam as diligencias que faziam o transporte de passageiros. Como “parada”, fornecia alimentação e pousada para os viajantes.

Mais tarde foi construída uma casa mais próxima da estrada, e, Martin B. Pons na esquina da casa instalou um armazém. Sua esposa Maria Ana Borrel, era quem tomava conta do negócio, vendendo tecidos e objetos de armarinho. Já com algum capital economizado, ele compra as carretas e bois com todas as mercadorias. Tem-se noticia que chegou a invernar 400 bois de tração.

                                          Antigo Armazém-Parada Pons

Com muito trabalho educa seus filhos. Alguns tomam destinos diferentes, mas o primogênito Martim Pons Filho assume seus negócios. Com muita vocação para o comercio, constrói ele um armazém mais distante da casa da família.

Algum tempo depois, doa uma área para instalação da “Estação Pons”. Com o sucesso de seus empreendimentos adquire muitas outras áreas de campo, onde entre elas está situada a Estância Retiro. Nessa região chegou a reunir em torno de 10 mil hectares. Com o passar do tempo às subdivisões e as heranças fizeram com que a área atual se encontre com cinco mil hectares.

Com sua morte passa às mãos de seu neto Martim de Macedo Pons, que dá seqüência à atividade pecuária, desfazendo, porém, o armazém o qual foi a origem do negócio anterior. Nas redondezas adquiriu outras estâncias entre elas a Estância “Mimosa”, hoje “São Martim”. De Martim de Macedo Pons passam as terras para Dirceu dos Santos Pons. Foi Dirceu grande apaixonado pela raça de cavalos Crioulos, dedicando-se com muito interesse ao criatório. É de sua autoria o livro “Cavalo Crioulo – História de uma raça”.

A “Parada Pons” chegou a receber a denominação de Estância “Santa Úrsula”, nome da mãe de seu “Zizinho”, mas o estabelecimento continuou conhecido sempre pelo nome primeiro. A propriedade atualmente é administrada por Fernando Dornelles Pons, quinta geração da família e casado com Lúcia Mascarenhas Pons. O casal possuiu trisavô comum: Martin B. Ponz. São pais de:
- Fernanda, casada com Custódio Moreira Magalhães, cujos filhos são Sophia, Artur e Pedro, constituindo a sétima geração.
- Cristiana.

A estância dedica-se à criação de Aberdeen-Angus e cavalos Crioulos. Na agricultura pratica o plantio de sorgo, soja, milho e aveia.
Hoje a estância “linda” com:
- ao norte com Celi Borges Severo e Nazário Amor Lorenzo;
- a leste com Jovir Perondi e Galvão Caminha;
- ao sul com Aluízio Sá Vieira e Sucessão Darcy Nogueira;
- ao oeste com Sucessão Vicente Macedo Saraiva.

FONTE:

FONTES, Carlos; VIEIRA, Yara Maria Botelho. "As Estâncias Contam a História",  Santa Maria, Pallotti, 2005. 216p.