quarta-feira, 20 de junho de 2018

ESTÂNCIA DO SOBRADO

                                                        Estância do Sobrado, Bagé-RS


Esses campos inicialmente pertenciam à antiga Fazenda São Sebastião de propriedade do Comendador José Martins Coelho. Após sua morte, a fazenda foi desmembrada e a área foi herdada pelo seu filho, o tenente-coronel Felicíssimo José Martins Coelho, que fundou a Estância do Sobrado. Felicíssimo veio a falecer em sua estância, em 13 de fevereiro de 1893, em plena Revolução Federalista, e está sepultado no Cemitério da Guarda, cerca de 2.300 metros a Sudeste da sede da propriedade. 1
Ele é pai de Maria Angélica Martins casada, segunda vez, com Pedro Marques Nogueira. Avô de Inocente Martins Nogueira casado com Maria das Merces Lucas Gaffrée. Bisavô paterno de: Alaide, Ondina, Juliana, Araci, Irene, Nair, José, Darci e Scylla (Scila) Gaffrée Nogueira Médici, casada com
o General Emílio Garrastazu Médici, 23º presidente do Brasil. 2
A Estância do Sobrado está localizada sobre a Coxilha de São Sebastião, no Distrito dos Olhos D'água, interior de Bagé, a aproximadamente 20 quilômetros do centro da cidade. Abriga um casarão em estilo colonial português, cujas soberbas linhas fazem lembrar as construções senhoriais do Nordeste. No alto da porta de entrada, tem esculpida a data de sua construção: 1864.
O edifício conserva o que tem de original: assobradado á frente, dispõe de 22 peças; aos fundos, ostenta um agradável pátio interno.
 Uma das curiosidades que apresenta herança da atividade escrava, que constituiu fato normal nas fazendas, são as mangueiras de pedra, em formato circular e de tamanhos variados.
Após Felicíssimo, a estância teve os seguintes proprietários: Pedro Marques Nogueira, Inocente Martins Nogueira e Homero Fagundes, pai do atual proprietário, Homero Salis Fagundes.
Ao que tudo indica, foi no período em que pertenceu a Inocente Nogueira, quando sua extensão era de 60 quadras, que a propriedade teve seu período de maior progresso. O zelo e o orgulho de seu dono, de forte temperamento e não menor determinação e prestígio, que usufruía de alto conceito, transformou a herdade, sobretudo em relação à pecuária, numa das mais importantes do estado. Foi uma das pioneiras na seletividade do rebanho, com a diversificada criação do gado bovino, ovino e eqüino. E o proprietário fazia questão de importar os reprodutores da Argentina, pois freqüentava a Exposição de Palermo. Foi também a primeira fazenda a instalar telefone, além de um aerodínamo que lhe supria as necessidades de energia para iluminação e abastecimento de água.
             Mesmo não se dedicando à agricultura a fazenda era autossuficiente em frutas, verduras e legumes, cultivados em sua própria horta e pomar.
Uma ocasião especialmente festiva na Estância do Sobrado eram os dias de marcação do gado quando se reuniam mais de cinqüenta convidados. O evento terminava num grande churrasco, ao som de gaitas
e violões.
           O espírito empreendedor de Inocente Nogueira, no entanto, estendia a área urbana, onde causou verdadeira agitação ao passar pela primeira vez, com seu automóvel, o primeiro de marca Chrisler que entrou na cidade. Usou-o também para derrotar os fazendeiros rivais, classificando-se como vencedor da “Batalha de Flores” que ocorria no mês de novembro, todos os anos, na cidade. Na oportunidade decorou o veículo dando-lhe a forma de cisne.
Sua filha, Irene Nogueira Salis era casada com o Dr. Eurico Salis, escritor, médico e bacteriologista, cuja pesquisa sobre o barbeiro e o mal-de-chagas lhe valeu convite para aprofundar os estudos na França. Foi autor dos livros: “História de Bagé” e “O Solo e o Homem do Rio Grande”. Pertenceu à Academia Rio-Grandense de Letras. 3
FONTES:
3 Pinto, Lourdes Noronha. “Antigas Fazendas Do Rio Grande Do Sul”, Porto Alegre, Grafic-offset, 1989. 214 p.




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