segunda-feira, 2 de julho de 2018

PAULO BROSSARD DE SOUZA PINTO

Paulo Brossard, com Ulysses Guimarães à sua frente
Foto acervo site "Perspectiva online"

Paulo Brossard de Souza Pinto nasceu em Bagé-RS, em 23 de outubro de 1923. Filho de Francisco de Souza Pinto e de Alilla Brossard de Souza Pinto e neto materno de Julian Brossard, uruguaio apaixonado por política migrado para o Brasil no século 19. Além de Paulo, o casal Francisco e Alilla teve mais três filhos:Rui, Renê e Gilda.Francisco era proprietário da Ferragem Souza Pinto. Nesse local, Brossard conheceu o grande político rio-grandense, Joaquim Francisco de Assis Brasil. Quando ainda criança, serviu-lhe um copo d’água.Mais tarde, aos oito anos e seis meses, Brossard perde a mãe, ficando órfão, sendo criado posteriormente por suas tias.
Subsequentemente,realizou seus estudos iniciais nos colégios:Espírito Santo e Nossa Senhora Auxiliadora.
Após, deu continuidade aos mesmos em Porto Alegre, onde cursou o Pré-Jurídico (1941/1942) e, posteriormente, a Faculdade de Direito, na hoje UFRGS. Entre 1946/1947 atua como solicitador. Em 29 de outubro de 1947, perde seu pai, poucos meses antes de sua formatura. Cola grau em Direito, com 23 anos, e inscreve-se na OAB sob n.º 1 403.
Ainda quando estudante conheceu Leonel Brizola e, mais tarde, por meio de Barbosa Lessa, conhece Raul Pilla, de quem herda e passa a defender a doutrina Parlamentarista.
Em 28 de agosto de 1950, contrai matrimonio com a Lúcia Alves, também advogada. 
Foi proprietário da Fazenda Santa Genoveva, localizada na estrada da Serrilhada, interior de Bagé, estabelecimento onde desenvolveu por vários anos diversas atividades agropecuárias. 
Brossard, tão logo formado, começou a exercer a advocacia. Junto com ela, também desenvolveu atividades jornalísticas e políticas.
Em agosto de 1945, em Bagé, filia-se ao Partido Libertador. Posteriormente, por força de lei, filia-se ao MDB e, finalmente, ao PMDB.
Nas eleições de 1947 e 1950, concorre a deputado estadual, mas, não se elege. Finalmente, é eleito deputado estadual em 1954, conseguindo reeleições em 1958 e 1962. Em 1964, no governo de Ildo Meneghetti, é nomeado para o cargo de secretário do Interior e Justiça. Em 1966, é eleito deputado federal. Em 1970, candidato ao senado, é derrotado por Daniel Krieger. Em 1974, é eleito senador, vencendo a Nestor Jost.
Em 1978, faz parte da chapa do general Euler Bentes Monteiro (presidente) e Paulo Brossard (vice-presidente), concorrem contra general João B. Figueiredo e Aureliano Chaves à presidência da República, quando foram derrotados por 355 votos contra 266.
Em 1982, concorre à reeleição ao Senado, mas é derrotado por Carlos Chiarelli. Brossard considerava naquele momento, encerrada sua participação ativa na vida política do país.
Em 1985, integrou a Comissão Afonso Arinos, quando foi elaborado o anteprojeto constitucional, como subsídio à Assembleia Constituinte.
Ocupou os seguintes cargos públicos: Consultor geral da República (1985 / 1986); Ministro da Justiça (1986 / 1989); Juiz do Tribunal Superior Eleitoral (1989); vice-presidente do STE (1991); presidente (1992); ministro do Superior Tribunal Federal (1989 /1994).
Deixou o STF por motivo de aposentadoria em 24 de outubro de 1989.
Em Porto Alegre, desenvolveu por longa data, suas atividades jurídicas em seu escritório denominado: “Escritório Brossard,Ioiovitch Advogados Associados”.
Recebeu, ao longo de sua vida, as mais variadas homenagens e distinções.
Foi autor de diversos livros, publicando as seguintes ooras, a maioria durante o mandato de senador: É Hora de Mudar; 31 de Março Promessas e Realidades; As Mãos do General; Chega de Arbítrio; Eleição Presidencial; Evocando o Poncho Verde; Glorificação de Um Perseguido; Ideias Politicas de Assis Brasil; Impeachment; Maquinaria Agricola; Mordomias; No Centenário de João Mangabeira; O Ballet Proibido; O Senado e as Relações Argentino– Brasileiras; O Sequestro dos Uruguaios; Oposição; Os Descaminhos da Revolução; Recolhendo as Velas; Soja; Uns São Mais Iguais Que os Outros.
Foi por vários anos colunista do jornal “Zero Hora”, de Porto Alegre.
Faleceu no dia 12 de abril de 2015, em Porto Alegre, deixando a esposa Lúcia e filhos: Magda, Rita e Francisco.

Fontes:

http://www.jornalfolhadosul.com.br/noticia/2015/04/13/paulo-brossard-morre-aos-90-anos
https://gauchazh.clicrbs.com.br/geral/noticia/2015/04/confira-sete-momentos-da-trajetoria-do-jurista-paulo-brossard-4738297.html
http://www.livronautas.com.br/ver-autor/236/paulo-brossard
https://www.institutomillenium.org.br/convidados/paulo-brossard/

segunda-feira, 25 de junho de 2018

O BRASÃO MUNICIPAL NOS CAMINHÕES DE COLETA DE LIXO

Caminhão privado de recolhimento de lixo 
 e o Brasão da Prefeitura Municipal de Bagé



A maioria das prefeituras do Brasil não possui coleta de lixo própria. Em Bagé, não é diferente, o poder público terceiriza o serviço, contratando via licitação uma empresa especializada para a realização da referida tarefa. Conforme estabelecido em edital, a contratada deve fornecer a mão de obra e o maquinário próprio necessário para a execução do trabalho. Sendo assim, não faz sentido que a mesma use o brasão da prefeitura municipal em seus caminhões que presta o dito serviço, visto ser uma firma privada e não pública. Visando esclarecimentos sobre tal procedimento, entrei em contato com os representantes legais tanto da contratada, como da contratante, que responderam que não vêem problema algum nisso, visto que nos caminhões consta a seguinte inscrição: “A Serviço da Prefeitura de Bagé”. Acontece que o brasão sobrepõe, e em muito, o dizer e induz a população a supor involuntariamente que o serviço é do município e não terceirizado. Não estou aqui para criticar e sim para colaborar para que esse equívoco seja resolvido o quanto antes, para que Bagé venha se tornar de fato “uma nova cidade”.

TUMBEIRO

Antigamente, era comum aparecer numa estância um gaúcho com intenção de descansar no galpão, por uma temporada, enquanto seu cavalo engordasse um pouco, solto em uma invernada. A esse tipo de gaúcho dava-se o nome de “tumbeiro”. Eram homens de bons antecedentes e de boa conduta, amadurecidos na luta pela vida, talvez infelizes em seus antigos amores. Vítimas do destino, viviam sós. Suas posses resumiam-se no cavalo encilhado. Gozando da vida livre, cortavam campos e estradas afora, passando de pago em pago com a esperança e a ilusão de ainda fazerem querência. Eram conhecidos dos peões ou do próprio patrão. Acertado com o patrão e com licença de invernar o cavalo, o tumbeiro valia-se do aconchego do galpão por um ou dois meses. Não assumia responsabilidade nos trabalhos cotidianos da estância, nem era remunerado. A troco da hospedagem fazia serviços gratuitos, cocho ou cancela. Fazia cabo para machado, sovava couro cru ou lonqueava para fazerem cordas. Além disso, ajudava nos rodeios, banhos de gado ou recoluta. O patrão aceitava de bom grado, porque nada tinha que desembolsar, só a comida. Mas, naqueles tempos, nas estâncias, a despesa com o sustento nem era levada em conta. Findo o prazo estipulado, o tumbeiro pedia que trouxessem seu cavalo da invernada. Prendia-o no palanque por alguns dias, para adelgaçar. Depois, cortava-lhe os cascos, aparava a cola pelo machinho e emparelhava o toso da crina. No dia da partida, encilhava o pingo com toda a pachorra. Ponche emalado, cola atada, mala de garupa embaixo dos pelegos, com uma muda de roupa, laço nos tentos e pala por cima dos arreios com ambas as pontas caídas, uma de cada lado. Depois, já meio pachola, após um banho na sanga, em roupas domingueiras, ia despedir-se do patrão, da família e demais serviçais da casa. Feitos os cumprimentos de praxe, de chapéu na mão o vivente, já mais familiarizado com o patrão, arriscava um gracejo: ''Desculpe alguma brincadeira de mau gosto''. Já de chapéu posto, o gaúcho encaminhava-se para o palanque. Desatava o cabresto, colocando parte dele embaixo dos pelegos, emparelhava as rédeas e, rápido, pondo o pé no estribo, alçava a perna, enforquilhando-se galhardamente nos arreios e saía a trote chasqueiro. Na estância, ficavam comentando que iriam sentir um vazio com a ausência do tumbeiro. Era guapo, alegre e serviçal. Homem para o que desse e viesse. O próprio patrão era do parecer que o gaúcho permanecesse por mais tempo em seu galpão. Mas o tumbeiro parecia marcado pelo destino. Tinha de cumprir a missão de viver como um índio vago. E, talvez, morrer com a sina do cavalo: velho e solteiro.
O tumbeiro foi eternizado por meio da música de mesmo nome, composta pelo cantor Mano Lima:
Sou tumbeiro e isso me agrada/Viver de estância em estância/Assim vou cumprindo a sina/ Que trago desde criança. Reconforta minha alma/ Andar pelo pago meu/Pois pingo, pata e cordeona/ Foi tudo que Deus me deu. Patrão me dê uma pousada/ Me deixe desencilhar/ Quem sabe tem alguma lida que eu possa lhe ajudar/ Sou ginete, sou tropeiro, sou até esquilador/E quando me sobra um tempo/ Pego a gaita e sou cantor. Não pergunte de onde eu venho/ nem tão pouco quem eu sou/ Se minha estampa não lhe basta/ Monto à cavalo e me vou.”


 

Fontes:

Gonçalves, Raul Annes. “Mala de Garupa - Costumes Campeiros”, Martins Livreiro, 1999.112 p.

HISTÓRIA DA MÚSICA "NA BAIXADA DO MANDUCA" - NOEL GUARANY

Como bem destaquei neste espaço, em janeiro do ano passado, Noel Guarany esteve na Rainha da Fronteira, na década de 1970, participando da Semana Crioula de Bagé e visitando amigos, entre eles, o saudoso Gaspar Luis Silveira Pereira. Este tinha uma estância localizada em Vichadero, no Uruguai e administrava outra fazenda em Jaguarão Chico - Aceguá, que era de propriedade de sua sogra, Maria de Lourdes Gonçalves Leão, ambas as fazendas frequentadas por Noel.  E foi provavelmente numa dessas estâncias que ele teria composto a música “Na baixada do Manduca”, que eternizou alguns locais e personagens da nossa região: “O chinaredo lá da estância (Rancho Las Flores – Vichadero)/Se "aprepara" já faz dias/Segundo Siá Basilícia (folclore missioneiro)/Vai trazer várias famílias/Prá escutar o dom Ortaça (Pedro Ortaça) /E o gaiteiro Malaquias (Reduzino Malaquias)/E o cantor da bossoroca (o próprio Noel Guarany)/Que canta com galhardia. E dê - lhe mate pelos cantos/No compasso da chamarra/Entra Juca e sai Manduca/E dê - lhe cordeona e guitarra. Jaguarão Chico (Estância Rancho Alegre) e Vichadero (Estância Rancho Las Flores)/Se alvorotou a peonada/Do caseiro ao capataz/Todos de bota ensebada/E o careca Zaragosa (Creca Zaragoza –ginete e domador)/Nem liga prás gineteada. A prendinha Ana Luiza (Ana Luíza Pereira Martins)/ Filha do nosso patrão (Gaspar Luis Silveira Pereira, na época patrão do Centro Nativista Gaspar Silveira Martins)/Já encargo água de cheiro/Vinda de outros rincão/E um delantal colorado (lenço vermelho)/Partido de sua opinião (Partido Colorado-Uruguai).
Interessante destacar, que o título da canção é uma referência à antiga “baixada” (rua Salgado Filho – bairro São José), onde ficavam localizados os cabarés de Bagé, caminho por onde Gaspar e amigos passavam quando iam para Vichadeiro. A música “Na baixada do Manduca” foi imortalizada no LP “Payador, Pampa e Guitarra” (1976), disco patrocinado pelo Centro Nativista Gaspar Silveira Martins.

FONTES:

http://www.jornalfolhadosul.com.br/noticia/2017/01/21/noel-guarany-o-guitarreiro-das-missoes
https://www.letras.mus.br/noel-guarany/849979/

O DESCASO COM OS CEMITÉRIOS DE CAMPANHA




Fotos do Cemitério dos Anjos, Bagé-RS

“No dia em que eu morrer/Façam festa com fartura/Não quero muita tristeza/Nem caixão de tábua dura. Quero bem curtinha as vela/Velório meio às escura/Me enterrem num campo aberto/Quero só gado por perto/E nego bom não se mistura”. Esses versos do cantor “Crioulo dos Pampas” resumem bem o desejo da maioria dos antigos moradores da Campanha Gaúcha, que foram sepultados em cemitérios rurais. Acontece que boa parte dos familiares responsáveis pelos túmulos desses defuntos, não está nem um pouco preocupada com isso e está levando aos poucos, os restos mortais dos seus “entes queridos” para cemitérios urbanos, com a única finalidade de tornar cômodo, seus cuidados para com eles. Atitudes como essa, além de desrespeitosas, contribuem bastante para que os cemitérios rurais aos poucos fiquem esquecidos. Em minhas andanças campanha adentro, perdi as contas de quantos “campos santos” encontrei desprotegidos (sem cercas), sujos, cobertos pela vegetação, com túmulos destruídos ou violados, servindo de abrigo para o gado, moradia para zorrilhos, tatus e abelhas. A realidade é que a grande maioria dos cemitérios de campanha está totalmente abandonada e se os familiares das pessoas que ali estão enterradas, não se importam, tão pouco o poder público. Portanto, caros leitores, está mais do que na hora de unirmos esforços para mudar esse cenário e criarmos ações a fim de conservar esses importantes locais, que guardam a memória e a história da nossa gente. Já dizia meu velho pai: “Quer saber a história, visite um cemitério”.

Fonte:

https://www.letras.mus.br/baitaca/1479248/

TOPONÍMIA REGIONAL: VAUTHIER - DOM PEDRITO

Gustave-Charles Vauthier - Foto acervo site "Belgian Club"

No distrito de Torquato Severo, interior de Dom Pedrito, existe uma localidade com nome de “Vauthier”, nome de uma antiga estação ferroviária da linha Livramento/São Sebastião, que homenageia um engenheiro belga que trabalhou na construção de diversas ferrovias brasileiras.
Gustave-Charles Vauthier nasceu no dia 11 de janeiro de 1861, em Bruxelas, Bélgica. Depois de formar-se como "Ingénieur des ponts et chaussées" (Engenheiro de pontes e estradas) em 1884, na Universidade de Gent, começou a trabalhar para a "Compagnie du Chemin de Fer du Grand Central Belge". Em 1887, liga-se à "Compagnie du Congo pour le Commerce et l'Industrie" (C. C. C. I.) e mudou-se para este país (Congo), onde foi investigar a rota da futura estrada de ferro Matadi - Leopoldville.
As empresas belgas, "Compagnie des Chemins de Fer Sud-Ouest Brésilien" e, posteriormente, a "Compagnie Auxiliaire des Chemins de Fer au Brésil" trouxeram de 1891 a 1914 vários engenheiros e técnicos belgas, entre os quais Adolphe Lekeu, Cambier, Vander Perre, Van Nonnenberg, Lionel Wiener, Joseph Demaret, Léon Sévérin e Gustave Vauthier, para a construção e a gestão de estradas de ferro no Paraná e Rio Grande do Sul.  
Vauthier trabalhou para a "Compagnie des Chemins de Fer Sud-Ouest Brésilien" em Ponta Grossa, Paraná; na construção da linha entre Santa Maria e Cruz Alta e da estrada de ferro São Paulo/Rio Grande do Sul. Lá conheceu sua futura esposa, Maria da Conceição Ribas. O casal teve quatro filhos Suzanna, Helena, Alice e Alfredo.
Por duas vezes, exerceu o cargo de diretor-geral da "Auxiliaire" (1898/1910 e 1919/1920).
Radicou-se na cidade de Santa Maria, Rio Grande do Sul, onde a Companhia montou seu centro de operações. 
Vauthier reclamava continuamente dos minguados e indecisos investimentos; e da falta de visão e de confiança no futuro do Brasil por parte dos capitalistas e administradores de Bruxelas. 
No auge de sua carreira, após quase 20 anos de serviço recebeu mais de 30 contos de réis, além de outras vantagens e regalias.
Em 1905, convidou seu cunhado Manuel Ribas para se estabelecer em Santa Maria, para assumir a direção do armazém de fornecimento aos seus funcionários, o Economat. Manuel Ribas foi um dos fundadores da Cooperativa dos Funcionários da Viação Férrea em 1913, desempenhando a função de gerente até 1920, e daí em diante como diretor-geral. Foi também o criador da Escola Técnica de Artes e Ofícios para os filhos dos ferroviários, além de um Hospital da Cooperativa. Em 1928, foi eleito prefeito de Santa Maria, função que ele ocupou até 1932. Depois foi convidado por Vargas a ser governador do estado do Paraná.
Gustave Vauthier era figura conhecida e respeitada na sociedade local e tornou-se amigo do então presidente da Província, Antônio Augusto Borges de Medeiros. Foi o idealizador e construtor da Vila Belga em Santa Maria. Também participou como consultor técnico na comissão construtora da nova Catedral Metropolitana Nossa Senhora da Conceição. Uma placa comemorativa na entrada da catedral menciona “A perpetua memória: Esta igreja começada a 8/12/1902, consagrada a 5/12/1909, elevada a cathedral a 15/8/1910 foi levantada pelo povo e esforços da seguinte comissão: dr. Gustave Vauthier”.
Por inúmeras vezes, o pessoal técnico e a infraestrutura da Companhia foram colocados à disposição da comunidade. Foi o caso das obras de ampliação do pé direito da Igreja de Silveira Martins (quarta colônia) quando, “graças aos potentes macacos importados da Bélgica pelo doutor Gustavo Vauthier, diretor da Companhia Ferroviária Belga, conseguiu manter intacta a armação do telhado, limitando os trabalhos apenas a descer as telhas”.
Vauthier manteve-se frente à Companhia até 1918, quando passou a ocupar o cargo de representante dos interesses belgas até a encampação definitiva da Auxiliare pelo Estado do Rio Grande do Sul, em 1920. No mesmo ano, retornou para Ponta Grossa, terra natal de sua esposa, onde faleceu em abril de 1923.
Vauthier foi cônsul belga em Porto Alegre, de 10 de maio de 1917 até o dia do sua morte.
Além da estação ferroviária de Dom Pedrito, inaugurada em 17 de fevereiro de 1923; Vauthier foi homenageado com nome de rua na Vila Belga, em Santa Maria, no Rio Grande do Sul (rua Doutor Wauthier, escrito com W ao invés de V).
Infelizmente, no final da década de 1970, a linha Livramento/São Sebastião foi desativada, sendo a estação Vauthier demolida e os trilhos do ramal retirados.

Fontes:


http://belgianclub.com.br/pt-br/creator/vauthier-gustave-1861-1923


ROMEU VALTRICK

Romeu Waltrick - Foto acervo Ana W. Ribas


Romeu Amarante Waltrick, filho de Henrique Oliveira Waltrick e Adalgisa Amarante Waltrick, nasceu a 11 de setembro de 1924, em Painel, Santa Catarina, sendo o décimo-primeiro entre 12 irmãos. Foi o único filho a sair de Santa Catarina, vindo servir o exército em Porto Alegre, em 1942. Por um tempo, prestou serviço de topografia em uma firma construtora de estradas em Hulha Negra, na época, Rio Negro. Retorna a Porto Alegre após o término da obra e, novamente, vem para Hulha Negra prestar serviços de topografia em uma mina de carvão por meio do DACM (Departamento Autônomo de Carvão Mineral).
Em 1950, casa com Cecy Madeira Waltrick, filha de Justino (Tino) Madeira e Leontina Dourado Madeira, ele produtor rural e comerciante de carnes na localidade.
Seu trabalho como topógrafo foi muito reconhecido por sua capacidade técnica e dedicação, tendo atuado nos municípios de Bagé, Caçapava do Sul, Lavras do Sul, Pinheiro Machado, Dom Pedrito, tanto na medição de campos propriamente dita, como no nivelamento de lavouras de arroz.
Durante o período em que residiu na Hulha Negra foi muito atuante como líder, tendo sido o primeiro presidente da comissão pró-construção da Igreja da Paróquia de São José nessa localidade.
Junto com outros representantes locais, entre eles, o saudoso capitão Hugo Canto, liderou o primeiro movimento emancipacionista de Hulha Negra.
Foi o responsável pela demarcação dos lotes da Colônia Salvador Jardim, iniciada em 14/03/1964, quando 23 famílias se tornaram proprietárias, adquirindo as terras da empresa Guaibarroz, cujo principal proprietário era o Sr. Nestor de Moura Jardim, dando o nome de seu pai à nova colônia. Consta numa publicação da época dos 25 anos de formação da colônia que Romeu Waltrick, além de realizar os serviços de topografia, foi um grande incentivador desse empreendimento.
Em 1963, transferiu residência para Bagé, para dar continuidade aos estudos de seus filhos, continuando a prestar serviço como autônomo e também para a Prefeitura Municipal de Bagé. Seu trabalho era reconhecido como de extrema confiabilidade, atuando também como perito para o Fórum de Bagé.
Após a aposentadoria, continuou trabalhando com a mesma disposição, só interrompendo suas atividades com idade avançada, quando apresentou limitações pela saúde já abalada. Seu último trabalho foi a confecção do mapa da localidade de São Martim, delimitando a área de abrangência da Estratégia da Saúde da Família, talvez para deixar marcado o trabalho desenvolvido por sua filha, doutora Ana Luiza Waltrik Ribas, nessa comunidade durante 15 anos.
Morreu em 15 de julho de 2006, prestes a completar 82 anos de idade, deixando os filhos Ana Luiza Waltrik Ribas e Justino Henrique Madeira Waltrik; e os netos Rodrigo, Fernanda e Ricardo Waltrik Ribas, Mariana Goulart Budó Waltrik Dias e Eduardo Goulart Budó Waltrik.

Fonte: 
Revista Comemorativa ao Jubileu de Prata da Colônia Salvador Jardim, 1989, CECOM-URCAMP, 32 p.

3º R C Mec – Regimento Forte Santa Tecla

Acantonamento da unidade Parque da Associação Rural - Acervo do 3º R C Mec


      Quartel já instalado na avenida Espanha - Acervo do 3º R C Mec


O 3º Regimento de Cavalaria Mecanizado foi criado pelo Decreto-Lei nº 5.170, de 6 de janeiro de 1943, com sede em Bagé-RS, para instalação a partir de 15 de janeiro daquele mesmo ano. Foi formado pela cessão de nove elementos de cada Unidade de Cavalaria (um sargento, dois cabos e seis soldados). Esse efetivo foi reunido na Escola de Motomecanização – Rio de Janeiro, até seu embarque definitivo para Bagé. Nesta cidade, o núcleo formador do 3º RC Mec recebeu suas primeiras instruções, sobre os seguintes assuntos: motorista, armamento munição e tiro (metralhadora) e comunicações.oEm 25 de janeiro de 1943, o pessoal que iria constituir o 3º R C Mec participou do 2º desfile motomecanizado do Brasil, na cidade de São Paulo - SP.

Cerca de dois meses depois, o núcleo formador do Regimento deslocou-se para o Sul por via férrea, o primeiro transporte desse gênero realizado no Brasil. Após uma breve parada para reagrupamento do material e troca de bitola da composição, a viagem é reiniciada em 20 de março, com um total de 140 viaturas; comboio esse constituído de cinco composições, cada uma comandada por um oficial. A viagem durou cerca de seis dias, sendo que a primeira composição deu entrada na Estação Ferroviária de Bagé às 22h do dia 26 de março de 1943, sendo recebida pelo general Canrobet Pereira da Costa, então comandante da 3ª Divisão de Cavalaria, autoridades civis, oficiais da guarnição e pelo povo bageense que, desde cedo já demonstrava um grande carinho pelo 3º R C Mec.

A quinta e última composição chegou em Bagé às 12h do dia 27 de março de 1943. Os trabalhos de descarga do material prolongaram-se por toda noite, vindo a findar somente na manhã de 28 de março. No mesmo dia, o 3º R C Mec deslocou-se da Estação Ferroviária até o Parque da Associação Rural, onde permaneceu acantonado, sendo que este desfile pelas principais ruas da cidade, constitui-se no terceiro desfile de tropa motorizada do Brasil.

Em 5 de abril de 1943, dá-se a instalação definitiva do Regimento, publicada em seu Boletim Interno de nº 01 e em 10 de abril, assume o Comando o então tenente-coronel Francisco Becker Reifschneider. A sede definitiva foi construída no período compreendido entre outubro de 1945 e fevereiro de 1949, na antiga Chácara dos Arejanos, que abrigou em seus campos uma olaria, fábrica de tijolos, telhas e manilhas (esta propriedade, nos primórdios do povoamento, até 1850, pertencia a José de Souza Netto, pai do general Antônio de Souza Netto, proclamador da República Rio Grandense).

O 3° RCMEC não tem origem na cavalaria hipomóvel, sendo considerada, a unidade berço da cavalaria mecanizada, por ter sido a primeira a receber os veículos mecanizados modelo half-track.

Desde a sua criação, o regimento teve as seguintes denominações: 3º Regimento Auto Metralhadoras de Cavalaria (5 de abril a 9 de abril de 1943); 3º Regimento Moto Mecanizado(10 de abril de 1943 a 30 de junho de 1946); 3º Regimento de Cavalaria Mecanizado(1º de julho de 1946 a 17 de maio de 1954); 3º Regimento de Reconhecimento Mecanizado (18 de maio de 1954 a 31 de dezembro de 1968) e por fim, 3º Regimento de Cavalaria Mecanizado (2 de janeiro de 1969 aos dias atuais).

A partir de 18 de julho de 1997, o ministro de Estado do Exército – general  Zenildo Gonzaga Zoroastro de Lucena, em portaria nº 508, da mesma data, concedeu ao 3º R C Mec a denominação histórica de “ Regimento Forte de Santa Tecla” e, seu respectivo estandarte. O nome do regimento foi sugerido pelo coronel José Antônio Marques, na época, comandante da unidade e faz alusão à conquista do Forte Santa Tecla, conduzida incialmente em 1776 pelo sargento-mór Rafael Pinto Bandeira.

Em 1778, devido ao seu valor estratégico e posicionamento no terreno, o forte foi reconstruído pelos espanhóis. Em 1801, foi novamente tomado e destruído pelo Regimento Dragões do Rio Grande, comandado pelo coronel Patrício Corrêa da Câmara, motivo pelo qual, ambos os militares são exaltados na canção do regimento.

Os integrantes do “MEC” já participaram da 2° Guerra Mundial, Missões de Paz, sob égide da ONU no Timor Leste e no Haiti, bem como em forças de pacificação nos complexos do “Alemão” e “Maré” na cidade do Rio de Janeiro.

Atualmente, o regimento conta com três esquadrões de cavalaria mecanizado, um esquadrão de comando e apoio, e um núcleo de oficiais da reserva, sendo este o único do Brasil a formar oficiais concludentes da arma de cavalaria e do serviço da intendência.

Em 1998, tive a grata satisfação de servir nesse quartel, como aluno de cavalaria do NPOR (Núcleo de Formação de Oficiais da Reserva), onde num período de quase um ano, tive a oportunidade de conhecer vários amigos e aprender valores inestimáveis que conservo até hoje.

Fonte:

Lopes, Cássio Gomes e Lucas, Edgard Lopes. “A Rainha da Fronteira – Fragmentos da História de Bagé”, Bagé, Pallotti, 2015. 183 p.


http://www.3rcmec.eb.mil.br/index.php/historico

A VERDADE SOBRE A PÁSCOA

A páscoa que hoje nos é apresentada comemora a ressurreição do Senhor Jesus e pratica-se a troca de ovos de chocolate.
Originalmente, a páscoa era comemorada no Antigo Testamento pela saída do povo Hebreu (atual povo de Israel) do Egito. Antes da libertação do mesmo, Deus enviou várias pragas para os egípcios, uma delas foi a morte dos primogênitos e, para que o Espírito de Deus não ferisse de morte os primogênitos do seu povo, institui a eles que sacrificassem um cordeiro, e que usassem de seu sangue para marcar as portas e janelas de suas casas, para que seus filhos fossem poupados. Por este motivo, até a época de Jesus, sacrificava-se um cordeiro perfeito no dia da preparação da páscoa, que era o dia anterior a ela e, ao anoitecer, comiam do cordeiro temperado com ervas amargas e pão sem fermento, em lembrança do povo hebreu que, na noite da fuga do Egito, tivera de comer às pressas. A comemoração da páscoa durava uma semana.
O próprio Jesus comemorava a páscoa, mostrando assim, que a mesma, em nada tem a ver com a sua morte e ressurreição. Nas primeiras horas da última páscoa, ainda de madrugada, ocorreu a Santa Ceia, logo após Jesus foi entregue aos sumos sacerdotes para ser morto, ainda naquele dia. Frisando que não foi a ressurreição de Jesus que ocorreu na páscoa, e sim a sua morte. Coincidentemente, ele foi o cordeiro perfeito, “o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo” (João 1:29).
Na ocasião da Santa Ceia, Jesus falou para que fosse repetido tal ato em memória dele, sendo este o símbolo da nova aliança: "Porque isto é o meu sangue, o sangue do Novo Testamento, que é derramado por muitos, para remissão dos pecados." (Mateus 26.28), não havendo assim, mais a necessidade de derramar sangue de animais inocentes para remissão dos pecados.
Deus, após a crucificação de Jesus, não desejou mais que a páscoa fosse comemorada em memória da libertação de seu povo do Egito, visto que era símbolo da sua antiga aliança com o homem, e para impedir que novos sacrifícios viessem a ocorrer, permitiu a destruição o templo de Jerusalém (antigo templo de Salomão e reconstruído por Herodes, onde hoje resta apenas o Muro das Lamentações), no ano de 70 d.C, pois lá era o local onde se sacrificavam os cordeiros.
Sendo assim, como crentes no sacrifício de Jesus, devemos então respeitar a nova aliança com Cristo, não mais comemorando, portanto, a páscoa.
Não podemos deixar de salientar que os "símbolos da páscoa", o coelho e o ovo são, na verdade, figuras satânicas. Vejamos uma rápida história desses personagens:
- Na mitologia grega, os gêmeos “Castor” e “Pólux”, nasceram de ovos "botados" por uma mortal, Leda, quando fora seduzida por Zeus, que lhe apareceu sob a forma de um cisne. O ovo era, na verdade, considerado por diversos pagãos, como a origem dos seres humanos;
- Quanto ao coelho da páscoa, provém da lebre sagrada da deusa Easter (derivação da deusa Ostera), uma divindade germânica da primavera.
Era ela, a lebre, quem trazia os ovos, e em outras regiões, como na Westphalia (Alemanha), tal papel era exercido pela "raposa da páscoa", ou, na Macedônia (Grécia), por "Paschalia", o espírito do dia.
Porém, prevaleceu como símbolo da fertilidade, a lebre (ou o coelho), porque já era conhecida como tal durante muitos anos. E, em várias regiões, a lebre era considerada uma divindade. Ela está relacionada com a deusa lunar Hécate na Grécia; e, além da Eastra, tem-se o equivalente que é a deusa Harek dos germanos, que era acompanhada por lebres, consideradas como símbolos da fertilidade, devido à grande capacidade de se reproduzir, e, segundo os anglo-saxões, como também os chineses, associada à primavera.
Portanto, caros leitores, não se deixe enganar por mentiras introduzidas em nosso meio. "E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará." (Jo 8.32).

Fonte: 
http://separandoojoiodotrigo.blogspot.com.br/2011/04/verdade-sobre-pascoa.html
http://www.angelfire.com/in/zadoque/peschah.html
https://www.youtube.com/watch?v=sza7TVpI7dU
https://www.bibliaonline.com.br/acf/jo/1/29
https://pt.wikipedia.org/wiki/Destrui%C3%A7%C3%A3o_de_Jerusal%C3%A9m

CAPÃO DE MATO

Capão de mato - Foto acervo "Três Passos News"


"Capão" é o nome que designa uma pequena porção de mato, isolado no meio do campo, geralmente em forma circular. A palavra de origem tupi-guarani possui duas etimologias: Caá-pãu que significa "ilha de mato" e Caá-apoan que quer dizer "mato redondo". O termo faz parte da nomenclatura de algumas cidades gaúchas: Capão do Leão, Capão da Canoa, Capão Bonito e Capão do Cipó. E também serviu de inspiração para denominação de diversas estâncias rio-grandenses, principalmente na Região da Campanha (Capão da Erva em Aceguá; Capão Bonito e Capão Alto em Bagé). Pelos capões do nosso estado se travaram muitas refregas e combates durante as guerras e revoluções: Capão do Erval (Revolução Farroupilha – 22/4/1835); Capão do Leão (Revolução Farroupilha – 15/4/1837); Capão do Boi Preto (Revolução Federalista – 5/4/1894) e Capão Bonito (18/3/1923). O capão é uma formação vegetal típica do Brasil meridional, mas também pode ser encontrada em boa parte dos países sul americanos, principalmente naqueles que compõem a região do pampa. O capão de mato faz parte da nossa cultura, tanto que suas características, importância e utilidade foram imortalizadas pelo grupo “Os Serranos”, por meio da canção de mesmo nome, gravada em 1986: “Capão de mato com linda e verde grama/Lugar que o angico e o cedro fazem morada/E onde a mutuca tira o gado em tempo quente/E onde o vivente sempre encontra boa aguada. Capão de mato traz abrigo contra o tempo/Dos temporais ou nos dias de sol a pino/É verde mina de goiaba e de pitanga/Berço da canga que eu fiz para o brasino. Capão de mato onde o pinheiro se levanta/ E a sua taça oferece ao criador/Num brinde pleno de ternura e de pureza/Ante à grandeza de tão raro esplendor. Capão de mato que me deu cabo de relho/Me deu palanque, porteira, casa e galpão/Deu alegria de fazer por vez primeira/Numa clareira, sapecada de pinhão. Capão de mato segurança da peonada/De no inverno encontrar a proteção/Queimando lenha, grimpa e nó de pinho/Devagarinho no velho fogo de chão. Capão de mato onde o mulita se esconde/Onde o sabiá canta versos com entono/Eu só espero que jamais haja ganância/De lá na estância perturbarem o teu sono.”
Fontes:
Glossário etimológico tupi-guarani: termos geográficos, geológicos, botânicos, zoológicos, históricos e folclóricos de origem tupi-guarani, incorporados ao idioma nacional/L.F.R Clerot – 1ª reimpressão, Brasília: Senado Federal, Subsecretaria de Edições Técnicas, Conselho Editorial, 2011. 514 p. (Edição Senado Federal; v. 143).

http://osserranos.com.br/discografia/2
https://www.letras.mus.br/os-serranos/281936/
https://pt.wikipedia.org/wiki/Cap%C3%A3o

LUÍS SIMÃO KALIL

Luís Kalil - Acervo Jornal Folha do Sul


Filho de imigrantes libaneses, Luís Simão Kalil nasceu em 19 de novembro de 1937, em Bagé, onde seu pai tinha comércio de “secos e molhados”. Luís era o único homem entre seis filhos de seu Elias Kalil e dona Labibe Simão Kalil.
Começou os estudos na escola Gaspar Silveira Martins e, depois, foi para o renomado Ginásio Auxiliadora, onde concluiu o “científico” em 1954.
Ingressou no curso de Medicina, em 1956, na cidade de Santa Maria. Como o curso, nessa cidade, tinha deficiências, seu fundador, Mariano da Rocha, fez uma parceria com a Universidade de São Paulo, onde os alunos iam durante as férias para estudar no Hospital das Clínicas. Foi nessa ocasião que optou pela cirurgia. Ao terminar o curso, voltou a São Paulo para tentar um emprego, mas soube pelo seu pai que, em Bagé, se instalara o Samdu – Serviço de Assistência Médica Domiciliar e de Urgência, com duas vagas de médicos. Indicado para suprir uma das vagas, permaneceu em Bagé. No entanto, começaram as dificuldades para concluir os estudos e a especialização. Foi, então, para o Rio de Janeiro, onde frequentou o curso do professor Fernando Paulino, que era o maior cirurgião brasileiro. Na ocasião, frequentou o serviço cirúrgico do hospital São Miguel para aprimorar o aprendizado. No Sandu, tratava-se de um emprego federal. Mais recentemente, testemunhou o início da cirurgia videolaparoscópica, tendo sido médico atuante junto ao Ipergs, bem como acompanhou a trajetória desse instituto em Bagé.
Na juventude, em plena década de 1950, foi ligado ao esporte, como plantonista de estádio de futebol da Rádio Cultura, na equipe comandada por Mário Teixeira Codevila. Era apaixonado pelo Grêmio Esportivo Bagé, do qual foi conselheiro e diretor em várias administrações. Com a esposa, que foi vice-presidente jalde-negra, teve participação saliente em várias iniciativas, entre as quais as campanhas para a restauração do sistema de refletores do estádio “Pedra Moura” e a aquisição do ônibus “Abelhão 2”.
O trabalho comunitário realizado pelo médico levou-o à política. Foi vereador eleito em 1976. Presidente da Câmara municipal, mandato interrompido a 14 de agosto de 1978 para assumir como prefeito no lugar de Camilo Moreira, que obteve uma cadeira na Assembleia Legislativa. Kalil era presidente da Câmara de Vereadores e, naquela época, não havia eleição pelo voto direto para prefeito, pois a cidade era considerada área de segurança nacional por se localizar na fronteira do país.
Em 1979, Carlos Sá Azambuja recebeu a nomeação e ele voltou para a Câmara, onde permaneceu até 1982. Em 1985, Bagé deixa de ser área de segurança e ocorria, pela primeira vez depois de 1964, uma eleição pelo voto direto para prefeito. Luís Kalil entra na disputa pelo Partido Democrático Social (PDS), porém, Luís Alberto Vargas vence, ficando Kalil com o segundo lugar.
Em 1988, volta a concorrer, para ser eleito, dessa vez, prefeito de Bagé. Após esse mandato (1989-1992) não voltou mais à política. Sua gestão ficou marcada pelo enfrentamento a uma das piores estiagens da história da cidade, entre 1989 e 1990.
Retornou à Medicina e à literatura, que lhe deram grande prazer até o falecimento, em 27 de janeiro de 2013. Naquele mesmo dia, acontecia, na cidade de Santa Maria, a tragédia da Boate Kiss.
Publicou a partir de 2007: “Contando parece mentira”; “Salim faz preço, freguês/Samuel também faz” e “Deus não esquece”, esses dois últimos títulos num só volume com duas capas invertidas. Participou da oficina literária de Alcy Cheuiche da qual surgiu o livro coletivo: “Nos caminhos da rainha” (2009). Deixou, inédita, uma obra literária em homenagem a sua rua e aos moradores dela. Em 2008, foi patrono da Feira do Livro em Bagé.
Uma das últimas homenagens recebidas em vida foi ter seu nome numa sala do Arquivo Público Municipal e a escolha, por aclamação, para ser o primeiro presidente da Associação de Amigos do mesmo arquivo, fundada em 8 de dezembro de 2011.
Era casado com Leny Nunes Kalil, professora e advogada, com quem teve os filhos: Elias, Rita e Milena.
Seu velório, na Câmara de Vereadores, e o sepultamento, às 19h do dia 28 de janeiro de 2013, no cemitério da Santa Casa de Caridade local, receberam grande presença da população no derradeiro adeus ao médico e pessoa humanitária, político, escritor, familiar querido, cujas muitas qualidades não cabem neste curto espaço biográfico.

Fontes
Jornal Minuano – Edições de 28 de janeiro de 2013 e 1º de fevereiro de 2013
Jornal Folha do Sul – Edição 29 de janeiro de 2013
Livros do homenageado

Artigo escrito em coautoria com Edgard Lopes Lucas

CRIANÇAS ALIENADAS

Antigamente, os brinquedos e as brincadeiras eram diferentes. Os brinquedos eram confeccionados pelas próprias crianças ou pelos pais, pois a maioria destes não tinham condições de comprá-los. As brincadeiras eram sadias, realizadas ao ar livre e aproveitadas ao máximo, muitas vezes, até ao anoitecer. Ou seja, as crianças de outrora, embora as dificuldades da época, tiveram uma infância saudável. Diferente das crianças de hoje, que são extremamente sedentárias, devido ao uso ilimitado de celulares, tablets e computadores, que acabam se tornando mais um vício, do que uma ferramenta, ainda mais quando se tem acesso livre à internet. E o pior de tudo, é que há muitos pais que estão completamente cegos em relação a essa situação, achando que esse é o melhor lazer que podem oferecer para seus filhos. Estão totalmente enganados, pois essas tecnologias, onde impera a liberdade desenfreada são extremamente maléficas, pois dominam as crianças quase que completamente, desviando sua atenção do mundo real para o virtual, causando verdadeiros retrocessos e enormes prejuízos em diversas áreas da sua vida. A prova disso são os constantes casos de crianças que são vítimas de acidentes por estarem despercebidas jogando o jogo “pokemon”; as frequentes ocorrências de crianças que se mutilam ou até se tiram a própria vida jogando o game “baleia azul” e os contínuos casos de crianças que através do Facebook, WhatsApp, jogos interativos e outros aplicativos acabam se tornando vítimas de pedófilos e maníacos sexuais. Portanto, caros leitores, se vocês amam seus pequenos e esperam um futuro melhor para eles, cortem imediatamente esse mal pela raiz, pois, é melhor prevenir do que remediar.

COIVARA

Foto site "Coisas de Caiçara"

A palavra “coivara” é de origem tupi-guarani. Os vários autores que registraram o termo não chegaram inteiramente a um consenso, tanto quanto à sua origem, como a seu significado único que deve ter em português. Uns dão coivara como procedente de coybá, que significa “galharada da roça, galhame da chácara, paus da roça” e, outros que provêm de cô-uára, que quer dizer: “o jazente da roça”, de referência ao mato cortado ou roçado que espera pela queimada, depois de seco.
A prática da coivara foi muito utilizada na região da campanha. Para quem não conhece é a técnica de cultivo mais simples que herdamos dos nativos. Os matos eram cortados e a madeira mais espessa transformada em moirões, tramas e lenha.
Após o mato cortado, tinha-se o cuidado de ter um controle sobre a área cobiçada para o plantio, ou seja, com aceiros bem definidos para o fogo não se alastrasse.
Geralmente, o fogo era ateado em dias sem vento, começando da parte mais alta do terreno, de preferência no período da tarde, quando predomina uma viração de fora.
Nas divisas se postavam as pessoas com vassouras de rama para controlar a propagação do fogo que, na maior parte das vezes, provocava princípios de sufocação e ardência nos olhos.
Depois da queimada, lavrava-se a terra com bois ou cavalos e na beira dos tocos das arvores que restavam plantavam abóbora, mogango, pepino, melancia... E, nas partes limpas, outras culturas como milho, feijão, amendoim, mandioca, etc... Chamavam essas lavouras de “roça” pois eram feitas em cima de áreas roçadas.
A prática da coivara foi eternizada na música de mesmo nome, composta pelo músico bageense Dario Caneda: “Coivara, amontoada no campo/Cruzaste todos estes anos/Foi munício de fogueira/Coivara, mirada lá no horizonte/Luzeiro vai num reponte/Clareando a madrugada/Quando te acende/Tu não recuas/Teu fogo ardente/Tal qual xirua/Queimando tu segue em frente/Deixando a terra nua/Coivara, inspiração atual/Te apelidaram queimada/Acesa por um bagual/Coivara, a retina está secando/Não vê o mato brotando/Não tem lágrimas pra chorar/Coivara, o vento norte soprou/Queimaste o velho angico/Só o Tarumã que restou/Coivara, palanque de curunilha/Deixaste a grama tordilha/Onde um dia o boi pastou”.

Fontes:

Ayrosa, Plínio. “Estudos tupinológicos”, Instituto de Estudos Brasileiros, 1967.100 p.

Glossário etimológico tupi-guarani: termos geográficos, geológicos, botânicos, zoológicos, históricos e folclóricos de origem tupi-guarani, incorporados ao idioma nacional/L.F.R Clerot – 1ª reimpressão, Brasília: Senado Federal, Subsecretaria de Edições Técnicas, Conselho Editorial, 2011. 514 p. (Edição Senado Federal; v. 143).

http://coisasdecaicara.blogspot.com.br/2012/05/coivara.html

https://www.vagalume.com.br/erivelto-pires/coivara.html

domingo, 24 de junho de 2018

OS RESGUARDOS COM OS BEBES ANTIGAMENTE

Embora hoje exista uma parafernália de objetos e acessórios para os cuidados com os recém-nascidos, os mesmos não são tão bem resguardados como antigamente.
Para começar, ficavam aproximadamente um mês ou até quarenta dias (que chamavam “quarentena”) totalmente encerrados em um quarto, onde até as janelas eram protegidas com panos para evitar a luz forte e alguma corrente de ar que chamavam na época “vento encanado”.
As fraldas eram de tecido e precisavam ser lavadas e passadas com ferro a brasa, para evitar “cobreiros” (herpes, micoses ou alergias, ocasionadas pelo contato de cobras, sapos, aranhas, marandovás ou pequenos insetos, que passavam sobre as roupas no quarador ou na cerca).
Para a urina não vazar usavam, no início, sacos de plásticos cortados nos cantos por onde enfiavam as pernas da criança. Posteriormente, surgiram as ditas “calças de matéria” (espécie de cuequinha de plástico com elásticos nos furos para as pernas e a cintura). Essas calças plásticas eram macias e frágeis, duravam pouco tempo e vinham de vários números de acordo com o tamanho da criança.
Para proteger o umbigo dos recém-nascidos, antigamente confeccionavam um pequeno acolchoado de pano recheado com lã ou algodão, de formato retangular, com uma tira tipo cadarços costurado em cada ponta, chamados de “Umbigueiros”. Colocavam a parte acolchoada sobre o curativo do umbigo e os cadarços amarrados na cintura. Essas tiras trespassavam nas costas e eram amarradas sobre a barriguinha para que a amarra não ficasse desconfortável quando a criança estivesse deitada de costas.
Antigamente as roupas das crianças eram de tecido leve, onde os mais usados eram algodão, morim e pelúcia.
A criança ficava sempre enrolada em panos que chamavam de “cueiros” e mantilhas. Isso, além de agasalhar, mantinha a criança firme para carregar no colo, pois eram raras as famílias que possuíam carrinho de bebê.
Para o banho das crianças era montada uma verdadeira operação, cheia de estratégias. Para começar, escolhiam a hora mais quente do dia. Aqueciam água em chaleiras e colocavam numa temperatura morna, em princípio, em gamelas feitas, geralmente com tronco de corticeira, por ser uma madeira macia e leve. Alguns tempos depois, surgiram as bacias de lata, (que chamavam “bacia folha”). A temperatura ideal da água para o banho das crianças era observada molhando as costas da mão para evitar que estivesse quente demais.
Nos primeiros meses, as crianças alimentavam-se basicamente do leite materno. Quando as mães produziam pouco leite, tomavam mate de leite com funcho para aumentar a lactação.
Se mesmo assim, ainda não provessem o suficiente, as crianças tomavam leite de vaca fervido em mamadeiras de vidro ou pequenas garrafas, que nos primeiros meses era enfraquecido com chá de macela, erva doce, funcho ou então com água de arroz. A água de arroz era extraída do cozimento de um pouco de arroz sem sal e sem gordura exclusivamente para esse fim. O tipo de mistura dependia de como funcionava o intestino da criança e de qual provocava menos cólicas.
Os antigos tomavam sempre o cuidado de não vacinar ou banhar a vaca do leite das crianças no mesmo dia do resto do gado. Só medicavam ou banhavam a vaca leiteira algumas semanas depois, quando já tivesse outra livre de qualquer medicamento para ser ordenhada.
Antigamente, o varal era usado para colocar charque ou linguiça, as roupas secavam nos alambrados (cerca) do pátio. As roupinhas do recém-nascido eram recolhidas sempre antes da noite enquanto a criança não fosse apresentada para a lua. Para isso, existia uma oração que variava de região para região.
Era costume antigo apresentar a criança para lua para que tivesse uma vida tranquila e, enquanto não fosse apresentada, evitavam que suas roupinhas ficassem no varal quando a lua surgisse. Essa simpatia que também pode ser considerada benzedura, era para que a lua abençoasse e desse uma vida tranquila à criança.
O “mal de sete dias ou mal do umbigo”, acontece justamente no período em que o umbigo do recém-nascido leva para desprender-se (cair o umbigo como diziam).
Ainda acontece em partos feitos em casa, com utilização de métodos antigos, o uso de procedimentos que são tecnicamente considerados de risco que é o uso de terra, pó de café ou teia de aranha para cicatrizar o umbigo. Esses métodos antigamente eram considerados eficientes, para acelerar a cicatrização. Na verdade de todos os métodos antigos que se tem conhecimento, o mais eficaz sempre foi limpar bem a área do umbigo com água morna ou com um chá de erva doce, funcho ou maçanilha.
É normal o recém-nascido ter a pele meio amarelada nos primeiros dias, o que chamavam antigamente de “amarelão”. O remédio que os antigos usavam para curar esse mal era o chá da raiz de salsa.
Hoje, na troca dos dentes de leite, pela dentadura definitiva, as crianças costumam pedir para a “fadinha do dente” lhes trazer uma boa dentição, mas antigamente não era assim e toda a fé era direcionada para São João.
A cada dente que caía, a criança ficava de costas para a casa e fazia a seguinte oração, três vezes antes de jogá-lo por sobre o ombro, em cima do telhado ou quincha da casa.
“São João, São João... Tome este dente podre e me dê um são”.

FONTE:

Moreira, Severino Rudes. “Os chás e a fé: chás, simpatias, crenças, costumes, benzeduras”. Porto Alegre, Martins Livreiro, 2015.120 p.

JORGE ROSA - O CANTOR DA HULHA NEGRA

Jorge Rosa - Foto acervo pessoal


Santo Jorge Soares Rosa, nasceu em 1 de junho de 1953, no corredor do Cemitério da Cruz, interior de Hulha Negra. Filho de Nadir dos Santos Rosa e Constantina Soares Rosa, sendo o caçula de quatro irmãos.
Seu pai foi peão campeiro e posteiro da Estância Recreio, de propriedade do Sr. Jaime Brasil. Nessa fazenda, Jorge foi criado e influenciado desde pequeno pelas cantigas do pai, que fazia suas músicas e trovas com uma gaita de oito baixos. Na época, os bailes na região se formavam nas residências das pessoas, nos ranchos e caseiros afora. E eram animados a som de gaita, violão e pandeiro, onde toda a família participava, desde crianças, até idosos.
Jorge, desde menino, corria pelos campos com seus cachorros, a pé e, às vezes, a cavalo, percorrendo os mondéos, caçando perdizes, cantando as músicas do Teixeirinha e Gildo de Freitas, que seu pai entoava e assim tomou gosto pela música tradicionalista e coisas rudes do pago.
Após concluiu o ensino primário no colégio da Serra da Hulha, (dos Ritta), onde teve seus primeiros ensinamentos com os professores Hugo Scoto e Maria de Lourdes.
Mais tarde, foi levado por Ulisses Hammes (que mais tarde viria ser seu cunhado) para continuar os estudos em Bagé no Colégio Instituto São Pedro de Educação e Assistência (Colégio Salesiano São Pedro), onde conclui o Ensino Médio.
Nesse tempo em que esteve morando e estudando em Bagé, sentia muita saudade e falta da campanha, dos seus pais, dos campos, dos seus animais de estimação (cachorro, cavalo e guachos) e de seus amigos de infância.
Quando completou dezoito anos voltou para a Hulha Negra, onde trabalhou na empresa Barbosa Mello, que fez o trecho de asfalto entre Bagé e Pinheiro Machado da BR-293.
Após trabalhou na Cooperativa Tritícola Assis Brasil e Frigorífico Santo Antônio, de José Gomes filho.
Em 1976, fundou o Grupo "Os Mensageiros", em Hulha Negra, com os seguintes componentes: Valdomiro Vidart, Getúlio Porto, Elicer Ramos e Sá Rodrigues.
Após, retornou a Bagé em 1978, para trabalhar em São Domingos, no Frigorífico do Montepio da Família Militar.
Em 1979, foi aprovado no concurso público para servidor civil do Ministério do Exército, onde atua até hoje, exercendo a função de encarregado do Pessoal Civil no Comando da 3ª Brigada de Cavalaria Mecanizada.
Em 1980, foi um dos fundadores do Grupo “Sinfonia Pampeana” de Bagé.
Em 1983, ingressou no Conjunto Musical "Os Tchês" de Bagé e com este gravou em 1985 o 1º LP " De Bagé para o Rio Grande", que teve a participação especial do cantor Pedro Silveira da Silva, o “Taura de Bagé”.
Em 2011, após um tempo afastado da música tradicionalista, gravou seu primeiro CD solo, "Canto Minha Querência ", com letras contando histórias e costumes da sua terra natal, Hulha Negra.
Em 2017, gravou seu 2º CD solo, "Recuerdos", também com composições que relatam coisas da sua terra e suas experiências de vida.
Durante sua carreira realizou diversas apresentações em Bagé e várias outras cidades do interior gaúcho, com destaque para participações no programa Galpão Crioulo.
Também se apresentou em outros estados como São Paulo (Programa Som Brasil) e em Espírito Santo; e no exterior nas cidades de Vichadero e Rivera, Uruguai e Passo de Los Toros na Argentina.
Como compositor, tem dezenas de letras escritas, diversas delas participaram de festivais nativistas como: “Reponte da Canção” de São Lourenço do Sul, “Comparsa da Canção Nativa” de Pinheiro Machado e “Manancial da Canção Crioula” de Bagé.
Atualmente, além da carreia solo, ainda participa do Grupo Musical "os Tchês", animando fandangos.
É casado com Gilka Mara Brião Quadros Rosa, com a qual tem três filhos: Jorge Luís, Giliane e Tassiana.

DESVALORIZAÇÃO E IRRECONHECIMENTO DO SERVIDOR PÚBLICO

Segundo as disposições constitucionais em vigor, servidores públicos são todos aqueles que mantêm vínculo de trabalho profissional com os órgãos e entidades governamentais, integrados em cargos ou empregos de qualquer delas: União, Estados, Distrito Federal, Municípios e suas respectivas autarquias, fundações, empresas públicas e sociedades de economia mista.

Registros históricos apontam o Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Industriários (IAPI), órgão já extinto, como precursor dos processos seletivos para preenchimento de cargos públicos no país. Realizado no segundo semestre de 1937 e válido para todo o território nacional, o concurso teria atraído cinco mil candidatos para disputar vários cargos.

Nos primórdios existia muita “padrinhagem” nos concursos públicos, principalmente no meio masculino. Segundo o depoimento de vários servidores públicos ativos e inativos, os candidatos pretendentes entravam literalmente pela “porta dos fundos”, realizando “provas marcadas” acomodadas pelos seus “padrinhos”, somente porque eram bons jogadores de futebol.

Antigamente o cargo de funcionário público tinha prestígio na sociedade, mas com o passar dos anos, a função passou a ser sinônimo de vagabundagem.

Como não bastasse isso, atualmente, o servidor público, ainda por cima é com frequência, desvalorizado no seu ambiente de trabalho pelos seus próprios colegas, principalmente pela chefia imediata.

O setor público é um espaço dos extremos e independente da esfera (municipal, estadual e federal) não existe meio termo, ou seja; ou o servidor faz muito, ou faz praticamente quase nada. E por mais que este se esmere na realização e cumprimento de suas atribuições, dificilmente será reconhecido, pois geralmente é considerado por muitos de seus pares, como um verdadeiro sotreta.

Esses fatores, somados a tantos outros, como estagnação e atraso salarial, ambiente e clima organizacional ruins, têm levado muitos servidores a desenvolverem várias doenças neuropsíquicas, gastrointestinais e LER (Lesões por Esforço Repetitivo).

Portanto, caros leitores, o servidor público não vive num “mar de rosas” como muitos imaginam e apesar dos benefícios que possui, há muito a conquistar, principalmente a dignidade que merece, pois seu trabalho é, sem dúvida, de suma importância para a sociedade.



Fontes:

https://jcconcursos.uol.com.br/portal/noticia/concursos/qual-foi-o-primeiro-concurso-do-brasil-68590.html

http://www.portaldoservidor.ba.gov.br/noticias/orientacao/orientacao-veja-definicao-de-servidor-publico

SÉRGIO TEIXEIRA: O POETA DA PERIFERIA DE BAGÉ



Sérgio da Silva Teixeira nasceu no dia 11 de outubro de 1953 em Bagé. Filho de Nadir Garcia Teixeira e de Diomar da Silva Teixeira, ambos falecidos. Fez o primário (Ensino Fundamental) no Grupo Escolar Martinho Saraiva, localizado na Vila Industrial. Concluiu o segundo grau (Ensino Médio) no Colégio Estadual Dr. Carlos Kluwe. Trabalhou como auxiliar de escritório na extinta "Cicade”, durante 22 anos (1973-1995) e no frigorífico “Mercosul” por dois anos (1998-2001). De 2002 a 2006, desempenhou a função de serviços gerais na prefeitura municipal de Bagé. Em 2004, ocupava o cargo de zelador do banheiro público ao lado do centro administrativo e nos intervalos da limpeza, costumava escrever suas poesias. Costumava frequentar o local o senhor Francisco Carlos Machado da Silva, motorista da RBS TV, que ao ver seus versos, o indicou para fazer uma entrevista com o repórter Christian Ribeiro, que foi gravada no dia 14 de janeiro do mesmo ano. Após, trabalhou cerca de um ano (2006-2007) como auxiliar de escritório no Sindicato das Indústrias de Alimentação de Bagé, onde se aposentou. Começou sua vida como literário participando da Antologia Poética "A Festa do Verso", lançada em Bagé no ano de 2002, quando o município completou 191 anos. No ano de 2005, foi lançado a segunda "Festa do Verso", com o título de "Janela Aberta", livro reunindo versos dos poetas da periferia de Bagé. Em 2009, em parceria com o guitarreiro Zulmar Benitez, teve a música “Estrondo Leguero” classificada para o festival "4ª Capela da Canção Nativa". A canção, posteriormente foi gravada no CD do evento. No ano de 2010, publicou o livro "Somente uma pessoa”, seu primeiro trabalho literário individual. Três anos após, em 2013, lançou seu segundo livro "Versos de vida e memória". Em 2014, escreveu a poesia “Cancelas e Porteiras”, especialmente para a apresentação da exposição fotográfica de mesmo nome, deste que aqui escreve. Em 2015, foi classificado para fazer parte da Antologia Literária A Matriz da Palavra – “O negro em prosa e verso”, editado pela Litteris Editora Ltda., no Rio de Janeiro, com um trabalho em homenagem ao grande vulto negro de Bagé “Preto Caxias”, com o título “História do Preto Caxias em versos”. Entre seus livros e demais publicações tem em torno de quatrocentos trabalhos escritos. Atualmente, possui novo projeto de livro pronto, a busca de apoiadores e patrocinadores. É casado com Neusa Maria Conceição Teixeira, com a qual tem os filhos Vladimir, Luciane e Simone. Possui três netos Bianca, Lukas e João Vitor, e um bisneto chamado Heitor. Boa parte de suas poesias estão publicadas no site: www.paralerepensar.com.br/sergioteixeira .

REMORSOS DE UMA EX-CAÇADOR

Sou filho e neto de caçador. Cresci vendo meus tios e primos caçarem. Quando guri, cheguei até a participar de algumas caçadas com eles.
Na época da adolescência e início da fase adulta, andava à cata de caçadores e me convidando para, com eles, realizar alguma caçada.
No final da década de 1990, meu pai adquiriu uma propriedade rural na costa do Arroio Jaguarão, repleta de matas nativas, onde abundavam várias espécies de animais silvestres, principalmente tatu e mulita.
E, justamente bem nessa época, meu pai tinha abandonado as caçadas e não permitia que ninguém caçasse em seus campos. E, mesmo ciente disso, eu dava um jeito de roubar uma caçada e chegava até a pegar cachorros emprestados com um lindeiro para a empreitada. Tudo isso à noite, é claro, quando meu pai retornava para a cidade.
Repeti essa violação por algumas vezes, até que um dia, deixei pistas, que foram descobertas por meu pai. Quando questionado por ele, acabei confessando o crime. Naquele momento tenso, onde fui pego em flagrante, ao invés de me calar e assumir o erro, ainda tive a petulância de interpelar meu pai, indagando-o do porquê ele não me deixava caçar. Sua resposta foi enfática: “rapaz, deixa os bichos, eu estou pedindo a Deus para que me perdoe pelo mal que fiz a eles”.
Com tamanha refutação, qualquer filho sensato teria parado imediatamente com tal prática. No entanto, eu estava obcecado e segui na minha sanha destruidora por alguns anos. Até que um dia, repentinamente, as coisas começaram a mudar. Já não conseguia campos para caçar e nem parceiros para as caçadas.  Pelos campos e matas já não encontrava muitas espécies de animais silvestres.
Foi então que parei e fiz uma profunda reflexão sobre o meu comportamento. E cheguei à conclusão que estava sendo um louco em carregar uma pá nas costas e um facão na cintura por quilômetro, atravessando campos e matas em meio à escuridão. Que estava sendo um egoísta e insensível ao explorar os cachorros por horas, exclusivamente em meu proveito. Que estava sendo um tolo em arriscar a minha vida e a dos cães que me acompanhavam. E, acima de tudo, estava sendo extremamente cruel em abater animais silvestres indefesos, contribuindo expressivamente para sua extinção. 
Por isso, desde esse momento abandonei as caçadas. Deixei de ser um caçador para ser um defensor dos animais silvestres, me tornei um ambientalista.
Hoje em dia, a única coisa que capturo, são imagens da fauna e da flora do nosso belo e exclusivo bioma Pampa. E a você, que estás lendo esse artigo, que ainda cultiva a prática da caçada, convido a se unir a mim e deixar de ser um caçador, para se tornar um conservador e protetor dos animais selvagens.

PEDRO SILVEIRA - "O TAURA DE BAGÉ"

Pedro Silveira - Foto acervo Daniela Martins


Pedro Silveira da Silva nasceu em Hulha Negra, no dia 29 de junho de 1941. Filho de José Soares da Silva e Anair Silveira da Silva. Ficou conhecido dentre outras razões, como o “Taura de Bagé”, pois, defendeu a música regionalista por toda a sua vida. Embora tenha recebido inúmeras oportunidades de deixar sua cidade, nunca abandonou sua terra natal.
Na década de 1960, foi um dos fundadores do CTG Cruzeiro do Sul, localizado no bairro Industrial. Nessa entidade, foi patrão em duas gestões e membro da patronagem durante muitos anos.
Durante o regime militar, caracterizado pela dura opressão à liberdade de expressão, Pedro Silveira conseguiu quebrar paradigmas pela originalidade de seus repentes, ficando conhecido como um dos grandes trovadores da época.
Iniciou como músico profissional, gravando em 1985 o LP “De Bagé para o Rio Grande” com o grupo Os Tchês".
Durante sua carreira, fez vários shows, alguns comunitários e muitos fora da cidade, inclusive, fora do Rio Grande do Sul, realizando turnês no Rio Janeiro, São Paulo e Brasília. Foi autor de várias músicas, com destaque para a melodia "Foi na venda comprar milho", pela qual ficou sendo muito conhecido. 
Em 30 anos de trabalho, compôs dezenas de músicas gravadas nos seguintes CDs: “O Taura de Bagé de Sul a Norte”, “Caminhos que se vão”, “Canta Bagé, canta”, “Milonga e Chamamé”, “Depois da lida”, “Sabiá cantor”, “Devagar nas pedras”, “Cordeona violão e canto”, “O Homem do Milho”, “No Bolicho do tio Bento”, “O mesmo taura”. E também produziu um DVD, com o título “Compondo e Cantando”.
  Além disso, foi radialista, mantendo por mais de dez anos um programa na Rádio Cultura, além de ter participado da Rádio Mania FM.
Uma das apresentações que mais marcou sua carreira foi a participação no programa “Viola Minha Viola”da TV Cultura, da folcloristaInezita Barroso.
Trabalhou durante muitos anos na antiga Cooperativa Industrial Regional de Carnes e Derivados (Cicade). Foi comerciante nos bairros Industrial e Passo das Pedras.
Morreu em 1º de fevereiro de 2017, aos 75 anos de idade, deixando a esposa Sônia Helena Martins da Silva, os filhos Marcelo e Daniela, e o neto Rafael, do qual muito se orgulhava.
Pelos relevantes serviços prestados ao tradicionalismo bageense, o Poder Público Municipal deu seu nome ao palco do Galpão de Eventos do Parque do Gaúcho em sua homenagem.

Fontes:
http://www.jornalfolhadosul.com.br/noticia/2017/02/02/morre-o-cantor-pedro-silveira-
https://issuu.com/jornalminuanobage/docs/20170202
http://www.jornalfolhadosul.com.br/noticia/2017/04/14/evento-tera-inauguracao-de-palco-no-parque-do-gaucho

OS QUIOSQUES DO CALÇADÃO DE BAGÉ

Foto acervo Jornal Minuano


Quiosque é um termo cujo conceito, antes de chegar à nossa língua, percorreu um longo trajeto: o vocábulo da língua pelvi kōšk passou para o persa košk, depois chegou ao turco como köşk e, mais tarde, resultou no francês kiosque.
Tal como o percurso etimológico é variado, as acepções de quiosque também são numerosas. Pode-se tratar de um pavilhão que, situado num espaço verde, é usado para a celebração de diversos eventos. Também é bastante utilizado em espaços de lazer como: clubes, campings, praias e pátios de residências. Neste sentido, aquilo que um quiosque permite, é evitar que as pessoas fiquem expostas aos raios do sol ou às precipitações (a chuva), já que dispõem de teto.
Hoje em dia, o uso de quiosque costuma fazer referência a uma espécie de casinha que, instalada num espaço público, é usada para vender determinados produtos. Por isso, quando se fala de quiosque, costuma ser relativamente ao lugar onde se vendem guloseimas, chocolates, refrescos, cigarros e outros produtos.
Em Bagé, além dos quiosques particulares, existem inúmeros outros localizados em diversos espaços públicos espalhados pela cidade. Dentre eles, destacam-se dois situados no “Calçadão”, local que foi inaugurado em novembro de 1982, com o nome de “Espaço Central de Lazer Dr. Ney Azambuja”. O primeiro, no sentido Avenida Sete de Setembro/Marechal Floriano, é o “quiosque da Neuza”, que existe há 25 anos e comercializa pastéis, lanches, bebidas, chás e cafés, sendo sua clientela composta, em sua grande maioria, por pessoas da terceira idade, que ali se reúnem com frequência para conversar sobre os mais variados assuntos, geralmente política e futebol. Já o segundo, é o “quiosque do Marcos”, localizado quase em diagonal ao Banco do Brasil. Comércio estabelecido há mais de 10 anos que serve, além de sucos e bebidas, um delicioso café passado e cinco sabores de apetitosos pasteis preparados na hora. Atrativos esses que conquistaram uma freguesia bastante diversificada, que ali se reúne quase que diariamente para fazer o desjejum, almoço e café da tarde.
É, caros leitores, no meio da correria do dia a dia, locais como esses em pleno coração da “Rainha da Fronteira”, geralmente passam despercebidos, pois estamos tão pilhados com nossa rotina e compromissos que, infelizmente, não conseguimos perceber o que há de interessante em nossa volta.

Fonte:

https://conceito.de/quiosque

JOÃO TEÓFILO - UM REVOLUCIONÁRIO DESCONHECIDO

Coluna Estácio e seu Estado Maior
João Teófilo, o terceiro da esquerda para direita, 
na fileira do meio. Acervo Carlos Eduardo da Silva


João Teófilo, mais conhecido como Jonas, nasceu em Pelotas no dia 4 de outubro de 1865, onde permaneceu até terminar o que chamamos hoje de Ensino Médio. Fez faculdade em Montevidéu e formou-se engenheiro-agrimensor na Faculdade de Matemática e Engenharia. Em 1889, prestou exame na Escola Militar de Porto Alegre. Jonas casou, em Montevidéu, com Matilde Corrêa Artigas, de distinta e conceituada família uruguaia. O casal teve oito filhos, João Uruguay, Francisco Sady, Carlos Ivanhóe, Hugo, Mayra, Teófila Adda, Walter e Guahyba. Em 1906, transferiu definitivamente sua residência para o Brasil, instalando-se na Coxilha Seca, 6° distrito de Bagé. Mais tarde, em 1918, Jonas ficou viúvo. Em um novo relacionamento, casou-se com Maria da Glória Silveira. Mas o destino lhe reservava outra perda. Jonas viuvou novamente. Arrasado, conheceu Franklina Machado da Silva, a “Licuta”, como era chamada, que viria a ser sua parceira até o fim da vida. Sua irmã, Matilde de Arruda Silva, casou-se com o coronel Estácio Azambuja, veterano da Revolução de 93. Em 1923, as eleições para presidente do Estado foram marcadas pelas fraudes e desavenças políticas, reelegendo pela quinta vez o então presidente e chefe do partido Republicano, Borges de Medeiros. Agitou-se o ambiente político. Em vários pontos do Estado, dissidentes federalistas reuniram algumas poucas armas e, relativa munição, e começaram a luta armada. Jonas foi procurado e recebeu o convite do cunhado, Estácio Azambuja, para ingressar na sua coluna. Estácio comandava a 3ª divisão do Exército Libertador. Era uma coluna de elite integrada por um grande número de diplomados e homens de prol. Aceito o convite, Jonas recebe o posto de major do Estado Maior e seguiu marcha com Estácio no dia 8 de março de 1923. A maior batalha da tropa de Estácio foi conseguir armas e munição, inclusive sua coluna ficou famosa, não pelos combates travados, mas pela habilidade com que os evitava. Em abril, com a promessa de receber armas, a coluna marchou rumo a Aceguá, onde lhe seria entregue o material bélico. Infelizmente, o que receberam não era o esperado, pois só conseguiram 600 armas de fogo, alguns rifles novos, contribuição de correligionários de Montevidéu e velhos comblains que estavam enterrados desde as últimas revoluções uruguaias de 1897 e 1904. Passados alguns dias, depois de marchar toda a noite, Estácio mandou a tropa acampar e carnear uma rês para se alimentaram. Os homens que faziam a arrebanhada do gado foram atacados pelas forças legais que vinham no seu encalço. Flores da Cunha, comandante da força legalista, atacou bem no centro e fez "espirrar" gente para todos os lados, num verdadeiro salve-se quem puder. No meio da confusão, com balas de metralhadoras zunindo sobre suas cabeças, só Estácio e Jonas permaneciam montados em seus cavalos, enquanto seus companheiros, deitados e atirando, gritavam para apear. Jonas, empunhando um revólver, responde: "Enquanto o Estácio estiver montado, não apeio". Esse encontro de surpresa ocasionou a derrota da coluna de Estácio. Com isso, muitos combatentes ficaram desgostosos e abandonaram a coluna, que chegou a contar com mais de três mil homens e estava reduzida a 800 pessoas. Mas o golpe não foi mortal, a coluna permaneceu atuante por mais seis meses. Com a pressão da força legalista, Estácio rumou para a fronteira, onde se encontrou com sua esposa Matilde, irmã de Jonas, nos campos de Ana Corrêa e Barbosa de Godoy. Em fins de julho a coluna de Estácio ocupou Caçapava, onde foram recebidos com bailes oferecidos pela sociedade local. A coluna de Estácio permaneceu até a assinatura do Tratado de Pedras Altas, firmando a paz nos campos do Rio Grande. Seguindo a tradição da família, dois filhos de Jonas, Walter e Guahyba, envolveram-se em revoltas armadas. Jonas morreu aos 89 anos, ao lado da esposa Franklina, em 13 de setembro de 1954.


Fonte:

Silva, Carlos Eduardo da Rosa. “Raízes – Tempo de Batalhas”, Bagé, Gráfica Instituto de Menores, 2007. 88 p.

TALENTOS DA TERRA: GLEDE OLIVEIRA

Glêde Oliveira - Foto acervo pessoal


Nasceu em 30 de agosto de 1947, no bairro São Domingos, em Bagé. Filha de Júlio Souza e Maria Costa Souza. Cabeleireira aposentada, produtora rural, na localidade de Rodeio Colorado, interior da Rainha da Fronteira. Integra o grupo União das Artes. Começou sua história no campo da literatura, participando de um concurso literário instituído pela Casa Masson, nos anos oitenta, em Porto Alegre, com o título de ”O papel da mulher na Revolução Farroupilha”. Seu trabalho intitulado ”Mulher Gaúcha", lhe rendeu um livro e um diploma, assinado por Antônio Augusto Fagundes, Barbosa Lessa, Elma Santana, Marilene Garcia Machado e Diva Ione Silveira. Na verdade, esse trabalho foi uma resposta ao compositor Davi Menezes Júnior, quando escreveu a música “Morocha”. Em certa altura a composição dizia: “mulher para mim é como redomão, maneador nas patas e pelego na cara” e “senta e te arrepende"... Isso mexeu com seus brios e imediatamente deu a resposta... Entre os tantos lugares em que Glêde Oliveira se apresentou podemos destacar o 8º Encontro de Mulheres Dirigentes Sindicais, quando representou o Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Bagé, e a Regional Fronteira, conquistando o primeiro lugar, em evento realizado pela Fetag em Porto Alegre. Em 2014, representando o Centro Nativista Gaspar Silveira Martins participou da entrega do Troféu Mulheres Destaque, organizado pelo Cobame, oportunidade em que emocionou os presentes com a declamação da poesia “Mulher Gaúcha”.  A iniciação da divulgação de Glêde Oliveira como poetisa, começou com um pequeno ensaio intitulado ”Manancial de Sonhos" (1989). Posteriormente, incentivada por Gesner Oliveira Carvalho e sua companheira Elza Maria Steinhorst, escreveu o livro ”Manancial de Emoções" (2010). Surgiu, em seguida, o terceiro trabalho, em homenagem à sua cidade, intitulado ”Bagé no Coração” (2013). Nessa obra, a autora fez uma parceria com o radialista Waldir Sudbrack, que declamou os poemas com o acompanhamento de belíssimos temas musicais. Em julho de 2016 doou centenas de exemplares da publicação para os estabelecimentos de ensino de cidade, envolvendo os alunos, que foram convidados a realizar trabalhos baseados nos poemas escritos pela autora. Glêde Oliveira é poetisa que não renega assunto para produzir seus poemas, mas tem preferência por temas gauchescos, mais próximos de sua ascendência e ligados aos caminhos percorridos e experiências junto a pessoas ligadas às lides campeiras. Sobre este tema escreveu, além de ”Mulher Gaúcha”, os seguintes poemas: “Mulheres do pampa”, “Velho Umbu”, “Quando afloram lembranças”, “Meu pago”, “Cavalgada heróica”, “Guri de Campanha”, “Minha morada no campo” e “Mulheres do pampa”, entre outros. Glêde Oliveira foi casada com Cláudio Goulart, com quem teve três filhos. Depois, em segunda núpcias com Danilo Figueira Oliveira (in memorian), com quem residiu por anos na Chácara “Manancial”, no Rodeio Colorado, reduto que serviu de inspiração para a composição de várias de suas poesias.