quarta-feira, 20 de junho de 2018

EM DEFESA DO RIO CAMAQUÃ

Rio Camaquã, Rincão do Inferno - Foto do autor

O rio Camaquã, declarado por lei patrimônio histórico, cultural e paisagístico da “Rainha da Fronteira”, tem suas nascentes em Bagé (Camaquã Chico), Caçapava do Sul (Camaquã do Hilário) e Lavras do Sul (Camaquã das Lavras). Mais de cinquenta por cento do território de Bagé encontra-se inserido em sua Bacia Hidrográfica. 
A referência mais antiga sobre a origem do nome Camaquã data de 24 de fevereiro de 1753, do Diário da Comitiva Portuguesa relativo à demarcação das fronteiras entre Espanha e Portugal, em cumprimento ao Tratado de Madri (1750): “Seguindo o caminho por lombas muito elevadas, mas planas desde o marco até o acampamento, com canhadas muito profundas, e huma dellas verte as suas águas ao arroio Icabacuá, que significa abelhas, que fazem suas panellas debaixo da terra, como fica expressado; e pela grande abundancia que há dellas em sua vizinhança deste arroyo, os índios as nomeão assim”... 
Desde suas nascentes até a sua foz, na Lagoa dos Patos, o rio Camaquã foi palco de inúmeros entreveros, combates e batalhas, em diversas guerras e revoluções, além de servir de refúgio aos Farrapos que, em suas margens, sob o comando do lendário Giuseppe Garibaldi, edificaram o estaleiro onde foram construídos os barcos utilizados pelos revolucionários para enfrentar a flotilha imperial.
Antes palco de batalhas; nos dias atuais, está se ensaiando uma renhida luta, em defesa da vida do próprio rio, contra a instalação de uma mina de metais pesados da Votorantim Metais, “Projeto Caçapava do Sul”.  Nessa luta, estão envolvidos vários guerreiros de diversos setores da comunidade regional, entre eles: pesquisadores, professores, agropecuaristas, advogados, biólogos, agentes culturais, todos comprometidos com a conservação da região que abriga a porção mais preservada do Bioma Pampa, berço dos municípios que mais contribuíram para a formação da identidade cultural e histórica do povo gaúcho.
O momento é decisivo e alerto que devemos unir nossas forças e nos empenhar ao máximo para que o empreendimento em destaque não se concretize, pois, caso contrário, corremos o grande risco de sofrer sérias consequências ambientais, como é o caso da mineração em Candiota, onde alguns afluentes do Arroio Candiota foram contaminados pelos metais pesados oriundos da extração do carvão.
Tenho certeza que o povo da campanha não se furtará de sua responsabilidade histórica e, assim como os seus antepassados, lutará pelo bem comum e pelo futuro de seus filhos.
Convido a todos os leitores a participarem da audiência pública que acontecerá dia 23 de novembro, quarta-feira, às 9h, no Ginásio Graciano, localizado na rua Barão da Amazonas, 50, centro de Bagé.

FONTES:
1 http://www.comitecamaqua.com/index.php/a-bacia-hidrografica/caracterizacao-geral
2 Academia Real das Sciencias, “Colleccao de Noticias para a Historia e Geografia das Nacoes Ultramarinas - Que vivem nos domnios portuguezes ou lhez são vizinhas”,  Tomo VII, Lisboa, Typografia Academia Real das Sciencias, 1841, 553 p.

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