“Mascate” foi o
nome dado no Brasil aos mercadores ambulantes e vendedores de "porta em
porta", também chamados de “turcos da prestação” ou simplesmente “turcos”.
A origem do termo "mascate" vem do árabe El-Matrac, vocábulo usado para designar os portugueses que,
auxiliados pelos libaneses cristãos, tomaram a cidade de Mascate (no atual Omã)
em 1507, levando mercadorias.
Embora o termo
não seja utilizado em Portugal com o mesmo significado, o nome
"mascate" ficou sempre associado à imigração árabe no Brasil,
resultante do grande contingente de imigrantes provenientes do Líbano e da Síria
que se dedicaram a esta atividade. Em menor número, chegaram também ao Brasil,
imigrantes de outros pontos do antigo Império Otomano, como Turquia, Palestina,
Egito, Jordânia e Iraque. Como tinham sotaque eram nomeados de “turcos da
prestação” ou apenas “turcos”, pois naquela época o Império Turco-Otomano
controlava boa parte do Oriente Médio; como os imigrantes destes países vinham
com a nacionalidade turca em seus documentos, ficaram conhecidos popularmente
por este nome.
Os mascates eram figuras constantes no meio rural no Rio
Grande do Sul, principalmente na Região da Campanha, onde comercializavam
diversas mercadorias de uso pessoal.
Quando estas
figuras apareciam na zona rural, eram sempre bem recebidas nos sítios, chácaras
e estâncias. As pessoas mostravam-se curiosas para dar fé e comprar alguma
coisa entre as bugigangas que traziam.
Para desempenhar
a sua atividade deslocavam-se em carroças, a cavalo e, às vezes, com um
cargueiro a cabresto carregando grandes malas. Nelas vinha uma infinidade de
coisas: cortes de fazenda para vestidos ou bombachas, lenços, carpins, meias, corpinhos,
ceroulas, cintos, linhas, agulhas, sabonetes, pentes, relógios despertadores, brincos,
pregadores, perfumes, ligas, calças para mulheres...
A mercadoria no
geral era de boa qualidade, porém com referência às bijuterias, perfumes e
relógios de pulso, a maioria era de pouco valor, imitação, alguns, pura
fantasia. Mas, estas miudezas eram o que mais atraíam a atenção das mulheres e “moças
casadouras”.
O turco, com
certa dificuldade de pronunciar nossa língua, elogiava sua mercadoria e o baixo
preço com que era vendida. O pessoal, no geral, comprava. Alguns até faziam
encomenda de artigos que o mascate não tinha na ocasião. Nisso, o “turco” era
cumpridor; passados uns dois meses, ele aparecia com as encomendas solicitadas
e um novo e variado sortido de mercadorias, adquirida nos comércios da cidade,
a fim de satisfazer sua freguesia rural, que criou com ele vínculos de amizade e
respeito muito fortes, pela sua rigidez em cumprir aquilo que tratava.
Os mascates desapareceram
a partir do momento em que o automóvel foi ficando acessível a muitas pessoas e
as estradas, por conseguinte, em melhores condições permitindo o deslocamento,
mais rápido, até os comércios da cidade.
A maioria dos
mascates ou “turcos” de Bagé, transformaram-se nos proprietários das maiores
lojas da cidade.
Fontes:
MATTOS, Eron
Vaz. "Aqui – Memorial em Olhos D’água", Bagé, Gráfica CECOM, 2003.
210p.
Gonçalves, Raul
Annes. “Mala de Poncho – Reminiscências e Costumes Campeiros”, Porto Alegre,
Martins Livreiro, 1987.89 p.
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