sábado, 2 de novembro de 2019

ATTILA SIQUEIRA



Attila Jesus Sá Siqueira nasceu em Bagé, em 1922. Filho de Célia Sá Siqueira e do engenheiro-civil Antônio Siqueira que, por longos anos, prestou inestimáveis serviços à Prefeitura Municipal de Bagé. Ele e seus irmãos foram criados e estudaram em Porto Alegre, mantendo sempre contato com a terra natal.
Attila formou-se em 1946, na Escola de Agronomia e Veterinária de Porto Alegre, transformada depois em Universidade Federal do Rio Grande do Sul, ingressando no ano seguinte na Secretaria da Agricultura do Estado, no Serviço de Ovinotecnia.
Depois de rápido estágio na capital, veio para Bagé, para trabalhar na Associação Riograndense de Criadores de Ovinos (Arco) em convênio que durou seis anos e meio, atendendo o setor de seleção de ovinos.
A seguir, seus serviços foram requisitados por Floriano Bittemcourt, proprietário da Cabanha A Tala, onde por dezesseis anos desempenhou as funções de diretor-técnico, além de ter sido responsável pela organização total do estabelecimento localizado em Dom Pedrito e que se dedicava a criação de gado Hereford e ovinos Romney-Marsh e Corriedale.
Deixando a iniciativa privada, foi convidado a ingressar no Conselho de Desenvolvimento da Pecuária de Corte (Condepe), um órgão de projetos agropecuários criado em 1968, pelo governo Federal, financiado pelo Banco Internacional de Desenvolvimento (Bird).
Com a extinção do órgão, em 1976, os técnicos, em sua maioria, foram designados para a Associação Sulina de Crédito e Assistência Rural (Ascar), depois Emater.
Além destas atividades, foi pecuarista, tendo arrendado um campo com um amigo. Foi ainda cabanheiro, por seis anos, de Pardo Santayana.
Profissional de renome, Attila Sá Siqueira era constantemente convidado para servir de jurado em exposições, não só no Estado, como também no exterior.
Ele foi jurado em Bagé, Esteio e em Montevidéu, entre outras. Era especializado nas raças Polled-Hereford, Romney-Marsh e Corriedale.
Muitas foram as entidades e instituições que contaram com os serviços do competente e conceituado técnico, como a Associação de Engenheiros-Agrônomos de Bagé, da qual foi presidente, Associação Rural de Bagé, Associação Brasileira de Criadores de Ovinos, (Arco), Associação Brasileira de Criadores de Hereford e Polled-Hereford. Foi professor da Faculdade de Agronomia e Veterinária, da Universidade da Região da Campanha (Urcamp).
Intensas também foram suas atividades culturais, como membro do Cultura Sul, conselheiro da Diretoria de Cultura, da Secretaria Municipal de Educação e Cultura, e do Núcleo de Pesquisas Histórias Tarcisio Taborda.
A preservação do meio-ambiente foi sempre uma grande preocupação de Attila Siqueira, em especial a poluição de Candiota.
Ele foi um dos primeiros a se manifestar contra o que chamava de “degradação ambiental” naquela localidade.
Para ele seria muito mais saudável importar petróleo para a produção de energia do que a exploração de carvão de Candiota, considerado de baixa qualidade.
Costumava também alertar para a poluição causada pelos defensivos agrícolas e o carrapaticida usado no banho do gado.
Além de competente e conceituado profissional, Attila se destacou como desenhista de indiscutíveis méritos, especialmente retratando temas gaúchos, que conhecia como poucos. Desde muito cedo, ainda criança, ele começou a desenhar. Nunca pensou, no entanto, se dedicar inteiramente a esta arte.
Dizia-se autodidata, não tendo frequentado, como poderia, uma escola em Porto Alegre, sua preocupação maior era a profissão, pois o desenho para ele era apenas um lazer, tanto que vendeu apenas poucos trabalhos.
Seus desenhos, que elaborava com incrível rapidez, eram muito procurados e estão, inclusive no exterior, em casas de amigos ou de pessoas que gostam de temas gaúchos ou até mesmo em paredes, como no Centro Administrativo de Bagé. Suas ilustrações também foram estampas de livros e capas de CDs de festivais nativistas, entre outros, feitos com lápis de cera, material que deixou de usar, utilizando-se ultimamente do pincel atômico. Trabalhou também com nanquim e lápis e caneta néon-pen.
As cenas gaúchas eram sua preferência nos desenhos, o uso, o costume, a vestimenta do homem do campo e ele dizia que seu gosto pelas coisas do Rio Grande do Sul surgiu porque sempre teve contato com o campo na estância de seus avós maternos, onde passava as férias.
Manifestava sempre sua satisfação e alegria por ter uma filha que desenhava muito bem, assim como por seus seis netos também desenharem.
Estudioso, profundo conhecedor da história do Rio Grande do Sul, tradicionalista admirado em todo o Estado, Attila Sá Siqueira era constantemente convidado para proferir palestras, o que fazia com o maior brilhantismo.
Era um intransigente defensor dos verdadeiros hábitos e costumes do homem do campo.
Sua presença em eventos nativistas era sempre uma atração à parte, pois todos queriam usufruir de seus conhecimentos.
Ele recordava que “o embrião do Centro de Tradições Gaúchas 35” de Porto Alegre, o primeiro do Estado, foi no pátio da residência de seus pais. Estudantes, principalmente da fronteira, costumavam se reunir, para churrasco com violão, na casa de um dos integrantes, foi quando surgiu Paixão Cortes que se integrou ao grupo e à ideia da fundação do CTG.
Attila Sá Siqueira faleceu de parada cardíaca, aos 85 anos de idade, em 11 de maio de 2007, no Instituto do Coração, em Porto Alegre, onde fora para realizar exames médicos.
Era casado com Beatriz Siqueira e deixou os filhos Fany Beatriz, Maria Cristina e Ricardo. Foi sepultado no cemitério da Santa Casa de Bagé.
Na época, o então prefeito municipal, Luiz Fernando Mainardi decretou luto oficial por três dias, considerando sua contribuição para o desenvolvimento do município, “além de ter perpetuado em seus desenhos a história do homem do campo”. Também, a Associação dos Amigos do Parque do Gaúcho, do qual Atila era sócio fundador, reverenciou a sua memória.

Fonte:
Lopes, Mario. “Personalidades de um século em Bagé”. Bagé, NPHTT, 2012, 248p.

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