Attila Jesus Sá
Siqueira nasceu em Bagé, em 1922. Filho de Célia Sá Siqueira e do engenheiro-civil
Antônio Siqueira que, por longos anos, prestou inestimáveis serviços à
Prefeitura Municipal de Bagé. Ele e seus irmãos foram criados e estudaram em
Porto Alegre, mantendo sempre contato com a terra natal.
Attila formou-se
em 1946, na Escola de Agronomia e Veterinária de Porto Alegre, transformada
depois em Universidade Federal do Rio Grande do Sul, ingressando no ano
seguinte na Secretaria da Agricultura do Estado, no Serviço de Ovinotecnia.
Depois de rápido
estágio na capital, veio para Bagé, para trabalhar na Associação Riograndense
de Criadores de Ovinos (Arco) em convênio que durou seis anos e meio, atendendo
o setor de seleção de ovinos.
A seguir, seus
serviços foram requisitados por Floriano Bittemcourt, proprietário da Cabanha A
Tala, onde por dezesseis anos desempenhou as funções de diretor-técnico, além
de ter sido responsável pela organização total do estabelecimento localizado em
Dom Pedrito e que se dedicava a criação de gado Hereford e ovinos Romney-Marsh
e Corriedale.
Deixando a
iniciativa privada, foi convidado a ingressar no Conselho de Desenvolvimento da
Pecuária de Corte (Condepe), um órgão de projetos agropecuários criado em 1968,
pelo governo Federal, financiado pelo Banco Internacional de Desenvolvimento
(Bird).
Com a extinção
do órgão, em 1976, os técnicos, em sua maioria, foram designados para a
Associação Sulina de Crédito e Assistência Rural (Ascar), depois Emater.
Além destas
atividades, foi pecuarista, tendo arrendado um campo com um amigo. Foi ainda
cabanheiro, por seis anos, de Pardo Santayana.
Profissional de
renome, Attila Sá Siqueira era constantemente convidado para servir de jurado
em exposições, não só no Estado, como também no exterior.
Ele foi jurado
em Bagé, Esteio e em Montevidéu, entre outras. Era especializado nas raças
Polled-Hereford, Romney-Marsh e Corriedale.
Muitas foram as
entidades e instituições que contaram com os serviços do competente e
conceituado técnico, como a Associação de Engenheiros-Agrônomos de Bagé, da
qual foi presidente, Associação Rural de Bagé, Associação Brasileira de
Criadores de Ovinos, (Arco), Associação Brasileira de Criadores de Hereford e
Polled-Hereford. Foi professor da Faculdade de Agronomia e Veterinária, da
Universidade da Região da Campanha (Urcamp).
Intensas também foram
suas atividades culturais, como membro do Cultura Sul, conselheiro da Diretoria
de Cultura, da Secretaria Municipal de Educação e Cultura, e do Núcleo de
Pesquisas Histórias Tarcisio Taborda.
A preservação do
meio-ambiente foi sempre uma grande preocupação de Attila Siqueira, em especial
a poluição de Candiota.
Ele foi um dos
primeiros a se manifestar contra o que chamava de “degradação ambiental”
naquela localidade.
Para ele seria
muito mais saudável importar petróleo para a produção de energia do que a
exploração de carvão de Candiota, considerado de baixa qualidade.
Costumava também
alertar para a poluição causada pelos defensivos agrícolas e o carrapaticida
usado no banho do gado.
Além de
competente e conceituado profissional, Attila se destacou como desenhista de
indiscutíveis méritos, especialmente retratando temas gaúchos, que conhecia
como poucos. Desde muito cedo, ainda criança, ele começou a desenhar. Nunca
pensou, no entanto, se dedicar inteiramente a esta arte.
Dizia-se
autodidata, não tendo frequentado, como poderia, uma escola em Porto Alegre,
sua preocupação maior era a profissão, pois o desenho para ele era apenas um
lazer, tanto que vendeu apenas poucos trabalhos.
Seus desenhos,
que elaborava com incrível rapidez, eram muito procurados e estão, inclusive no
exterior, em casas de amigos ou de pessoas que gostam de temas gaúchos ou até
mesmo em paredes, como no Centro Administrativo de Bagé. Suas ilustrações
também foram estampas de livros e capas de CDs de festivais nativistas, entre
outros, feitos com lápis de cera, material que deixou de usar, utilizando-se
ultimamente do pincel atômico. Trabalhou também com nanquim e lápis e caneta
néon-pen.
As cenas gaúchas
eram sua preferência nos desenhos, o uso, o costume, a vestimenta do homem do
campo e ele dizia que seu gosto pelas coisas do Rio Grande do Sul surgiu porque
sempre teve contato com o campo na estância de seus avós maternos, onde passava
as férias.
Manifestava
sempre sua satisfação e alegria por ter uma filha que desenhava muito bem,
assim como por seus seis netos também desenharem.
Estudioso,
profundo conhecedor da história do Rio Grande do Sul, tradicionalista admirado
em todo o Estado, Attila Sá Siqueira era constantemente convidado para proferir
palestras, o que fazia com o maior brilhantismo.
Era um
intransigente defensor dos verdadeiros hábitos e costumes do homem do campo.
Sua presença em
eventos nativistas era sempre uma atração à parte, pois todos queriam usufruir
de seus conhecimentos.
Ele recordava
que “o embrião do Centro de Tradições Gaúchas 35” de Porto Alegre, o primeiro
do Estado, foi no pátio da residência de seus pais. Estudantes, principalmente
da fronteira, costumavam se reunir, para churrasco com violão, na casa de um
dos integrantes, foi quando surgiu Paixão Cortes que se integrou ao grupo e à
ideia da fundação do CTG.
Attila Sá
Siqueira faleceu de parada cardíaca, aos 85 anos de idade, em 11 de maio de
2007, no Instituto do Coração, em Porto Alegre, onde fora para realizar exames
médicos.
Era casado com Beatriz
Siqueira e deixou os filhos Fany Beatriz, Maria Cristina e Ricardo. Foi
sepultado no cemitério da Santa Casa de Bagé.
Na época, o então
prefeito municipal, Luiz Fernando Mainardi decretou luto oficial por três dias,
considerando sua contribuição para o desenvolvimento do município, “além de ter
perpetuado em seus desenhos a história do homem do campo”. Também, a Associação
dos Amigos do Parque do Gaúcho, do qual Atila era sócio fundador, reverenciou a
sua memória.
Fonte:
Lopes, Mario. “Personalidades
de um século em Bagé”. Bagé, NPHTT, 2012, 248p.
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