quinta-feira, 18 de agosto de 2016

LIXIGUANA E SUAS SINGULARIDADES

Lixiguana/Lechiguana/Lichiguana é uma espécie de vespa, que produz mel muito saboroso por ser mais suave do que mel de abelha. Constroem suas colmeias em arbustos de pequeno porte (xirca) em campo aberto, em matos (farelenta) e forros de residências. Sua "casa", geralmente em formato oval, é lisa, diferentemente do camoatim que é cônica e possui saliências em forma de “bicos”.
Em alusão à existência em grande quantidade dessa vespa, comum da campanha gaúcha, foi denominado um arroio afluente do rio Camaquã e uma localidade no distrito de Palmas, interior de Bagé. Segundo o “Diccionario de Quichua de Domingo Bravo”, “lachiguana” es un sustantivo que designa una "colmena aerea suspendida”.
À margem direita do referido arroio, situa-se a sede da antiga Estância do Sobrado, que foi construída em 1801, por Laurindo Teixeira Brasil. Ao norte da casa principal, existe um relógio de sol, confeccionado pelo engenheiro alemão, Augusto Alberto Stuky. Ele foi o agrimensor que fez o primeiro nivelamento e alinhamento das ruas de Bagé, cujo plano de urbanização foi assinado em ofício de 10/10/1881. Mais tarde, passou uma longa temporada nas Palmas, principalmente nas fazendas dos Collares. Como prova disso, temos o inusitado relógio de sol, que permanece sempre fiel ao passar do tempo. Para transcrevê-lo, basta dizer que é um quadrado de pedra argilosa, da mesma pedra com que foram construídas as calçadas do velho solar; possui uma haste de ferro no centro, chamada de gnômon, que é um ponteiro do relógio solar; essa haste é ajustada segundo a latitude do local, apontando para o polo celeste acima do horizonte; a luz solar faz com que a sombra do gnômon descreva um semi-eclipse no mostrador graduado, que é dividido em vinte e quatro partes iguais, ou seja, nas doze horas do dia. Os algarismos em caracteres romanos são dispostos de maneira inversa à dos relógios mecânicos, de forma que os horários matutinos ficam à direita do observador e os vespertinos à esquerda. 
Também nessa localidade, ocorreu o primeiro disparo ou teste de foguetes realizado pelo exército brasileiro, no dia 7 de fevereiro de 1827. Nessa data, o tenente alemão Luiwig August Siegner; a serviço do exército brasileiro estacionado em Bagé, durante a Guerra da Cisplatina (1825/1828), realizou vários testes com o que era, então, considerada uma nova arma de guerra. Lamentavelmente, num dos tantos disparos experimentais de foguetes ocorridos em Bagé, naquela data, o militar inventor feriu-se, vindo a falecer dois dias após, na cidade de Caçapava do Sul, local a que havia sido conduzido para receber o necessário tratamento de saúde.
Em homenagem e reconhecimento ao esforço do tenente Siegner, a Avibrás Indústria Aereoespacial S.A ergueu um monumento localizado em frente ao ginásio esportivo Presidente Médici (Militão) que reproduz um foguete, no qual se encontra uma placa de bronze que descreve o acontecimento e seu pioneirismo.

Fontes:
1 Oliveira, Cândido Pires de. “Alma, Terra e Sangue – Fragmentos da História das Palmas, Bagé”, Bagé, 2011. 260 p. 
2 Lemieszek Claudio de Leão e Elida Garcia “Primazias de Bagé – Um Guia Incompleto”, Bagé, EDIURCAMP, 2013, 158 p.

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