No dia 31/08/2009 estava eu levando uma égua por terra, da localidade de Alvorito (Interior de Candiota) para a cidade Bagé, mas infelizmente pelo fato de estar totalmente destreinado, somente consegui leva-la até a localidade do Quebracho (Hulha Negra). Vinha eu tranqüilo, a “despacito” no mas, pela estrada da Serra da Hulha/Quebracho, adimirando os lindos campos daquela região, no caminho parei 3 vezes para pedir informação de quantos quilômetros dava até a região do Quebracho e qual era o nome do último proprietário de campo dessa estrada. Bueno, a tropeada foi grande, e quase chegando ao meu destino, vinha cansado pois já tinha percorrido 20km e andado mais 4 horas com pequenas pausas para descanso e vinha imaginando como seria minha recepção quando chegasse ao meu destino. Será que concordariam em deixar uma égua de um estranho em seu campo por 3 dias? Finalmente depois de 4 horas de cansativa tropeada, cheguei à propriedade do Sr Paulo Lemos, gritei “oh de casa!” E logo sr. Paulo venho me receber no portão. Apresentei-me e logo após pedi encarecidamente se podia deixar minha égua no seu campo por 2 ou 3 dias no máximo, respondeu que não teria problema algum e sem cerimônia alguma, mandou que apeasse e fosse para o galpão desencilhar. Desencilhei e larguei a égua ali mesmo. Ao conversar com sr. Paulo percebi que sua família é composta por sua esposa e mais dois filhos “especiais” e que seu rancho era bastante humilde. Pois sr. Paulo me surpreendeu com um convite inesperado para almoçar. Inicialmente não aceitei, pois achava que era muito abuso de minha parte e ainda por cima tinham 3 visitantes. Insistiu e resolvi aceitar. Analisando bem a situação, sr. Paulo tinha todos os motivos do mundo de sobra pra não deixar de acolher minha égua e muito menos me oferecer um prato de comida. Então pergunto aos leitores: Como se chama esse sentimento que Paulo demonstrou? Chama-se hospitalidade, que aliás antigamente era a marca registrada do gaúcho, que hoje infelizmente anda esquecida e já quase extinta, pois grande parte da sociedade é individualista e não se preocupa em nem um pouco com a situação dos outros. Ando por aí, converso com centenas de pessoas, mas da pra contar nos dedos os que agem assim com a mesma hospitalidade do sr. Paulo. Espero que a história de Sr Paulo sirva de exemplo para todos e que parem, pensem um pouco e reflitam que todos nós somos irmãos e devemos nos ajudar uns aos outros...
Publicado na Coluna Livre do Jornal A 1ª FOLHA, Página 03, de 12 a 13 de Outubro de 2008.
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