sexta-feira, 23 de julho de 2010

A MORTE NÃO TARDARÁ

Há cerca de quatro anos atrás, conheci o Sr João Carlos de Moura, morador da Vila Operária. “Tio Velho”, como era conhecido, Oriundo de Pelotas, sempre foi um homem batalhador, tendo trabalhado nessa cidade em várias empresas tais como frigorífico, construção civil e na extração de madeira. Em Candiota, prestou seus serviços em estabelecimentos rurais, residências e até em órgãos públicos. Mas, de dois anos pra cá, sua vida mudou e bastante. Não podendo trabalhar, devido a diversos problemas de saúde, Tio Velho começou a tomar medicamentos extremamente fortes, os quais com o tempo foram lhe baixando a imunidade e não tendo renda para adquiri-los, fazendo assim, com que sua situação gradativamente piorasse.
Numa determinada manhã de março, ao fazer um trabalho de rotina, fiquei estarrecido ao encontrar Tio Velho em seu barraco em situação deplorável. Seu corpo estava todo escamado da cabeça aos pés e em algumas partes as feridas sangravam devido ao contato com suas vestimentas. Perguntei o que lhe tinha acontecido, e me respondeu que tinha sido picado por algum bicho e afirmou que: “SÓ ESTAVA ESPERANDO A MORTE”. Na mesma hora liguei para a Secretaria de Saúde, que posteriormente enviou veículo para transportá-lo. Depois de uma prévia consulta no Hospital de Candiota, o encaminharam para Pinheiro Machado, que devido à gravidade da situação o internaram e fizeram um tratamento de 15 dias. Depois de transcorrido esse período, Tio Velho retornou a seu barraco, com um balaio de medicamentos para tomar. Sua moradia que já era precária encontrava-se mil vezes pior e não lhe proporcionava as mínimas condições de abrigo que um enfermo necessita. O tempo foi passando e sua saúde foi piorando, até que um determinado dia um anjo estendeu-lhe a mão: a Sra. MARIA TERESINHA RESENDE, que apesar de ter a mãe e a irmã doente não se esquivou de tamanha caridade. Essa semana, encontrei Maria fazendo um apelo desesperado para os órgãos responsáveis para que encontrassem uma solução para o caso, pois ela não tem mais condições de dar o tratamento adequado que Tio Velho necessita. Por isso venho através desse meio de comunicação pedir a comunidade Candiotense unir forças em prol dessa missão. Pois afirmo com certeza, que se ninguém se mobilizar, infelizmente o TIO VELHO VAI MORRER.


Publicado na Coluna Livre do Jornal A 1ª FOLHA, Página 03, de 15 a 17 de Agosto de 2009.

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