Morei anos em Candiota e sempre fui ligado ao meio rural. Quando me mudei para Bagé, ouvi falar de uma fazenda com o nome bastante curioso: “Estância da Baronesa”. Comecei, então, um longo processo de investigação, que se estendeu por mais de nove anos, quando dezenas de pessoas foram entrevistadas. Mas foi somente em 2014 que descobri elementos mais concretos sobre o tema. Primeiramente, soube que não existe somente uma, mas duas propriedades com esse nome; uma situada na margem direita do Arroio São Luis, no território Uruguaio “La Baronesa de San Luis” e outra no Ponche Verde, interior de Dom Pedrito. Consultando o livro “Antigas Fazenda do Rio Grande do Sul”, de Lourdes Noronha Pinto, descobri que a última fazenda se chama, na realidade, “Estância São Luís” e que, nos primórdios, era de propriedade de Leopoldo Antunes Maciel, bacharel pela faculdade de Direito de São Paulo, presidente da Câmara Municipal em Pelotas, presidente do Centro Abolicionista de São Paulo, vice-presidente da Província do Rio Grande do Sul e comandante superior da Guarda Nacional. Pelos seus serviços prestados ao Império ganhou o título de barão de São Luís, por decreto de 5 de julho de 1884. Através de Leopoldo, cheguei a meu objetivo: a baronesa de São Luis. Trata-se de Cândida Gonçalves Moreira, que passou a honrar o titulo quando contraiu matrimônio com o referido barão, em 7 de abril de 1874. Dessa união, nasceram 11 filhos. Depois do falecimento de Leopoldo, em 5 de maio de 1904, Cândida teve que conciliar, por 30 anos, a criação dos filhos, com a administração de uma casa em Pelotas e duas estâncias, uma no Uruguai e outra no Brasil. Quando estava nesta última, as pessoas, ao invés de dizer: “Vamos à Estância São Luís visitar a Cândida”, assim se referiam: “Vamos lá ver a baronesa, vamos visitar a baronesa, vamos à baronesa”. E foi assim que Cândida influenciou na toponímia pedritense e uruguaia. A baronesa de São Luís morreu em 13 de agosto de 1922, com 68 anos de idade.
Fontes: Lopes, Cássio Gomes e Lucas, Edgard Lopes. “A Rainha da Fronteira – Fragmentos da História de Bagé”, Bagé, Pallotti, 2015. 183 pág.
Soube por um caseiro que trouxe de D. Pedrito que a Estância Baronesa ainda existe e tem um casarão residencial e instalações do tempo dos escravos. O amigo poderia me dar mais informações a respeito. Ficaria muito grato.
ResponderExcluirDesculpe me intrometer no comentário, mas existe sim tem o casarão principal, uma parte dos dormitórios e a igreja
ExcluirTenho fotos do local
ExcluirOuvi falar que na estância ainda tinha o corpo do casal embalsamado! Mas como já sabem está estância tem muitos mitos e verdades e lendas n tem como saber se realmente é verdade
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