segunda-feira, 7 de julho de 2014

COMBATES SINGULARES: BENTO GONÇALVES X CAPITÃO "ISAÍAS GRANDE"


O General Bento Gonçalves, o maior espadachim de seu tempo com o testemunho de quem conviveu com seus filhos, o camaqüense Bento Martins de Azambuja (1869 - 1946), cujo nome recebeu em homenagem ao herói, autor de Recordações Gaúchas (1946), coletânea de artigos publicados no Correio da Manhã, do Rio de Janeiro e outros jornais da época, obra rara, de pequena tiragem e distribuída no círculo restrito da família, trás ao conhecimento público esta raridade, ouvida na casa solar de Bento:

“ . . . Após o churrasco, dos fogões guerreiros, alguém, dirige a palavra a respeitável figura do General e informa-lhe que, nas forças do governo há um homem que faz muito mal aos farroupilhas, porque toda vez que são obrigados a uma retirada forçada, os companheiros que ficam para trás, de cavalos cansados, ele vem matando um por um, a lançassos.

- Quem é ele ?

- É o mulato “ Isaias Grande ”, (Isaias Antônio Alves) Capitão das forças do Coronel Francisco Pedro de Abreu. É o primeiro lanceiro das forças do governo.

- Pois bem, na primeira guerrilha mostrem-mo.

A oportunidade não tardou. Quando preparava-se para o combate, alguém vem a Bento e lhe diz apontando: o Capitão Isaias é aquele que lá está, montando um cavalo mouro e comanda um esquadrão de lanceiros.

Bento montava nesse dia o picaço Ibarrol, afamado parelheiro do velho Alberto José Centeno, seu compadre e amigo, que lhe mandara de presente, conduzido por um boçalete de fitas com as cores da República Rio-grandense.

Espada em punho, cavalo preso às rédeas, descreve um semi-círculo, passa pela frente do adversário audaz, e brandindo a espada, ameaçadoramente, incita-o ao combate. Isaias bem montado, cerra as esporas, enrista a lança e, cego de ódio, arremessa-se para Bento, contando segura a vitória por tomar o inimigo pelas costas. Mal sabia, entretanto, que as vantagens que lhe oferecera o foram propositadamente, para dar-lhe, dentro alguns segundos, a tremenda lição que merecia.

Bento espera pelas costas o golpe fulminante e ao lhe ser este desferido, em rápido movimento de corpo, desvia-o com a espada, deixando a lâmina correr sobre o cabo da lança decepando a mão que a segurava e, cortando, ao mesmo tempo, as duas rédeas do cavalo de Isaias e, fazendo seu cavalo retroceder sobre as patas traseiras, Bento toma agora, o adversário pelas costas e, o conduz a pranchaços até próximo de seu esquadrão.

Bento, como sempre, vencia o adversário, mas, poupava-lhe a vida.

FONTE:

LOPES, João Máximo. “Habilidades Campeiras nas Guerras do Sul”, Porto Alegre, Evangraf/Núcleo de Pesquisas Históricas de Camaquã, 2012. 128 p.

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