terça-feira, 28 de junho de 2011

Movimento para renovação do Legislativo Candiotense

Recentemente foi criada no orkut, uma comunidade visando a “Renovação do Legislativo Candiotense”. Querio parabenizar seus idealizadores pela a iniciativa, e dizer que a mesma, não poderia ter surgido em momento tão oportuno. Pois a população Candiotense, não agüenta mais ver homens públicos que deveriam dar o exemplo: Agindo em desconformidade com as posturas municipais; incentivando pessoas que já possuem residência própria no campo a invadir patrimônio alheio na cidade; sendo beneficiado com o cartão “bolsa família” sem necessidade; pleiteando cargos para seus agregados; praticando contratações ilícitas; incentivando pessoas a invadir áreas verdes e de propriedade de terceiros; inserindo parentes seus em programas de habitação; negociando voto por vantagens pecuniárias; ficando em cima do muro ao invés de ser oposição; colocar nomes em nossas ruas com nomes de animais que nem da nossa flora são; tentando regularizar áreas de invasão fundiária. Desejo que esse movimento tenha muito sucesso e realmente venha para fazer a diferença. Que a população Candiotense, avalie bem antes de entregar seu voto para qualquer um, que escolha um candidato que se encaixe com seus anseios e aspirações e que o mesmo possa futuramente torna-los realidade. Por isso caro leitores, convido todos a abraçar essa causa. Nas eleições de 2012 faça a diferença: Vote pela renovação do legislativo Candiotense.

“Façam o que eu digo, mas não façam o que eu faço”

A turma da “estrela solitária”, quando era oposição, enchia-se de razão para cobrar certas atitudes e procedimentos dos que estavam na situação. Criticavam ferrenhamente as contratações de qualquer pessoa oriunda de outros municípios para ocupar cargos e funções em nossa cidade, principalmente os de alto escalão. Pois bem, foi somente assumir o poder, para que a situação invertesse totalmente.
No inicio trouxeram de Bagé, o “MP” para Assessor de Imprensa, a “ML” para assumir a Procuradoria Geral, esta, aliás, elaborou projeto, o qual foi aprovado, em que elevaria seu salário, ficando assim com remuneração quase o dobro dos demais secretários. Os dois ficaram pouco em nossa cidade, pois bastou o “olhos azuis”, assumir um cargo no governo estadual, foram de mala e cuia integrar sua equipe.
Pregavam a valorização dos daqui, mas não foi isso que aconteceu quando dispensaram diversos Candiotenses para contratar presidiários de Bagé.
Insistiam na valorização dos Jovens Candiotenses, mas contrataram gente de Bagé, até para a função de “digitador”, como em nosso município não dispusesse de gente qualificada para desempenhar a função.
Pregavam a igualdade entre os servidores, mas na primeira oportunidade isolaram vários e os colocaram direto no frezzer.
Afirmavam quando assumissem o poder, colocariam “nos eixos” certas “figuras” que não possuiam pontualidade e assiduidade. Pelo contrário, os mesmos seguiram do mesmo jeito e a situação só se agravou.
Atualmente a pasta de Secretário Geral é ocupada por um bageense, cria do “olhos azuis”, porém não sabemos até quanto este permanecerá, pois a qualquer momento poderá ser por “seu mestre” para ingressar em sua equipe em Porto Alegre.
Então caros leitores, por esta e tantas outras contradições, a turma da “estrela solitária”, cumpriu dois velhos ditados: “Pimenta nos olhos dos outros é refresco” e “Façam o que eu digo, mas não façam o que eu faço”.

Núcleo de Pesquisas Históricas de Candiota Recebe livros de historiador Bageense.



Após breve contato com Maria Bartira Taborda, filha do renomado historiador Tarcisio Antônio Costa Taborda, Cássio Lopes presidente do Núcleo de Pesquisas Históricas de Candiota, salientou o interesse da entidade em adquirir os livros do pesquisador. Algumas semanas após, para surpresa de todos, Bartira, consegui boa parte da obra de seu pai, a qual fez a questão de doar o acervo para os Pesquisadores Candiotenses. Tarcísio Antonio Costa Taborda foi historiador, professor e escritor, nasceu em Bagé em 13.07.1928 / 13.03.1994. Filho de Áttila Taborda e de Julia Costa Taborda. Exerceu entre 1951/55, o magistério secundário nos Ginásios Espírito Santo, Profª Melanie Granier e Colégio N. S. Auxiliadora, lecionando História do Brasil, Elementos de Economia Política, Português e Latim. Em 1952, foi bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais pela Universidade Federal do RGS. Exerceu o magistério superior nas Faculdades de Filosofia, Ciências e Letras e de Direito na FunBA (Faculdades Unidas de Bagé). Fundou em Bagé, o Museu Dom Diogo de Souza em 1955 e
Museu Patrício Corrêa da Câmara em 1970. Os Livros que foram doados para núcleo, são: “Bagé; Símbolos e Festas”(1990); “Bagé e a Revolução Farroupilha”(1985); “Perfis”(1998); “Datas Importantes de Bagé”; “Fontes para a História da Revolução de 1893”(1987); “Forte Santa Tecla”; “Abolição da Escravatura em Bagé”(1984) e “Bagé para Sempre”(1981). Agradeço Bartira pela doação dos livros, os mesmos serão de grande valia para nossas pesquisas”. Completa Cássio Lopes.

domingo, 1 de maio de 2011

PESQUISADORES RESGATAM A HISTÓRIA DE UM DOS PRIMEIROS MINEIROS DE CANDIOTA


A atividade de extração de carvão sempre ocupou destaque em nossa região. O Coronel Manoel Lucas de Oliveira, que possuía estância próxima ao Arroio Candiota, assim descreveu no seu diário em 1864: “Coronel Lima(Manoel Lucas de Lima) e o “Moringue” (Coronel Francisco Pedro Buarque de Abreu)andam vendo minas de carvão. Não sei como pode, nosso país empenhado na guerra do Paraguai e outros preocupados com carvão”.
Em 1890, Emilia Reverbel, então viúva do Brigadeiro Manoel Lucas de Lima, ganhou através de decreto, autorização do governo para extrair de carvão em pedra em sua propriedade, localizada próximo ao Passo do Tigre.
Com a inauguração da estrada de ferro que ligava Bagé a Rio Grande, a atividade ganhou forças, pois surgiram várias minas de carvão próximas às estações. Uma delas trabalhou o Sr. João Maximo Lopes, juntamente com seu pai Norberto Vaz Lopes, o qual arrendava terras de propriedade do Sr. Luiz Chirivino. A Produção era totalmente artesanal, além do carvão eram comercializados o barro refratário, e o caulim, este usado na produção de louças e cerâmicas. A Mina funcionou de 1940 a 1950, possuía seis operários permanentes e diversos carroceiros contratados, que transportavam o carvão até a Estação Dario Lassance, onde era boleado de pá para plataformas com capacidade máxima de 30 toneladas. Seu João esteve recentemente visitando Candiota e o NPHCAN. Na oportunidade mostrou a mina onde trabalhava e os ranchos onde residiam que ficavam localizados próximo ao pavilhão da CRM.
“Quando era jovem, sonhava com um futuro promissor, mas hoje percebo que “aquele tempo” foi realmente os anos de ouro de minha vida”. Comenta Lopes, emocionado.
Foi através do exemplo e motivação do Núcleo de Pesquisas Históricas de Camaquã, do qual Seu João Lopes é fundador, o Núcleo de Candiota foi criado. Enfatiza Cássio Gomes, Presidente da entidade.
O Núcleo de Pesquisas Históricas de Candiota, esta de portas abertas para comunidade. Quem quiser participar de suas reuniões, as mesmas acontecem todas as primeiras segundas-férias de cada mês, as 19 horas, na Rua João Magalhães Filho, 590 em Dario Lassance.

quarta-feira, 27 de abril de 2011

NÚCLEO DE PESQUISAS HISTÓRICAS DE CANDIOTA MAPEA PROVÁVEL LOCAL DA BATALHA SEIVAL



Em trabalho de pesquisa de campo, integrantes do Núcleo de Pesquisas Históricas de Candiota-NPHCAN visitaram a propriedade do Sr. Mario Salis, localizada na estrada do Arbolito, Terceiro Distrito do Baú, interior do Município de Candiota. Na oportunidade foi conhecido o provável local da Batalha do Seival, ocorrida em dez de setembro de mil oitocentos e trinta e seis, onde foi proclamada a República Rio Grandense, após a vitória dos Farroupilha comandada pelo General Antônio de Souza Netto e Coronel Manoel Lucas de Oliveira sobre as forças legalistas chefiadas pelo Coronel João da Silva Tavares. Também foi conhecida a “Picada do Zeca Netto”, local que atravessa o Arroio Seival, onde o importante líder maragato fazia seus deslocamentos e manobras militares na revolução de mil novecentos e vinte e três. Confira o breve resumo de como se travou a mais famosa de todas as batalhas da Revolução Farroupilha:
O coronel legalista João da Silva Tavares tinha se refugiado no Uruguai, depois de reveses que sofreu em combates isolados. Voltou para a Província em setembro de mil oitocentos e trinta e seis, comandando uma força de quinhentos e sessenta homens, a maior parte recrutada entre rio-grandenses no exílio. Bem armado, Tavares provocou os farroupilhas, passando pela região de Candiota, território guarnecido pela tropa do coronel Antônio de Souza Netto, formada por quatrocentos soldados, muitos dos quais eram uruguaios.
No dia dez de setembro, os inimigos se encontraram nas margens do Arroio Seival. Inicialmente houve pequena vantagem das forças imperiais, mas o cavalo de Silva Tavares, com o freio rebentado na peleia, disparou em velocidade, causando a impressão de fuga, mesmo entre seus comandados. A confusão entre eles foi aproveitada pelos cavaleiros de Netto, que atacaram com força redobrada. O resultado deste mal-entendido foi ficarem os revoltosos quase intactos, enquanto houve cento e oitenta mortos, sessenta e três feridos e mais de cem prisioneiros do lado dos imperiais. No dia seguinte, após a renhida luta, Netto marcha para o Campo dos Meneses onde proclama a INDEPENDÊNCIA DO RIO GRANDE DO SUL, sob a forma republicana.
Cássio Lopes, Presidente da entidade, relata que existem trincheiras de guerra nas barrancas do arroio, as quais foram usadas pelos farroupilhas na emboscada contra as forças do império. No Passo foram encontrados dois binóculos e três ponteiras de lanças. “Todas as evidências são concretas, nos levando a crer que esse Passo sobre o Arroio Seival, tem grandes possibilidades, de ter sido realmente o local onde se travou a batalha que culminou no feito mais importante da história Sul Rio Grandense.” Completa Lopes.

A casa da mãe Joana!

A casa da mãe Joana era bonita, vistosa, bem arrumada e organizada. Mas de um tempo pra cá seus filhos se aporrearam e a casa que dava gosto de ver, hoje está totalmente mudada.
Na casa da mãe Joana tudo pode, se atira resto de podas, entulhos, móveis velhos e até animais mortosnas ruas, terrenos, áreas verde e praças em plena luz do dia com a maior naturalidade.
Na casa da mãe Joana, no bairro de baixo, há anos as ruas e calçadas foram abertas para troca de tubulação e até hoje não foram consertadas. Em certos lugares, o esgoto corre céu aberto ininterruptamente,fazendo pairar no ambiente um fedor insuportável.
Na casa da mãe Joana diversas crianças tem que caminhar quilômetros para pegar o transporte escolar, pois as estradas estão intransitáveis, com valetas tão grandes que cabe um terneiro e nos dias de chuva até trator peludeia.
Na casa da mãe Joana a falcatrua rola solta, se vende ou arrenda o que se ganha do governo, às custas do contribuinte, e invade patrimônio alheio e depois se vende tranquilamente por meia dúzia de pilas.
Na casa da mãe Joana, se vende terreno em área nobre por metade do preço de mercado em prestações a perder de vista e alguns casos os “felizes contemplados” já se foram embora “das casa” há muito tempo.
Na casa da mãe Joana se tornou rotina depredar patrimônio histórico e cultural como se valesse nada.
Na casa da mãe Joana, se traz gente de fora para ocuparemcargos e funções simples que poderiam muito bem ser ocupadas pelos filhos daqui.
Na casa da mãe Joana,quando uma teta seca “os da flor” mais que ligeiro se atracam noutra.
Na casa da mãe Joana, o tucano anda de bico quebrado e por mais que se esforce, nunca cantará de galo.
Na casa da mãe Joana, se cobra ferrenhamente o exemplo dos pequenos, enquanto “se passa a mão por cima” dos grandes.
Na casa da mãe Joana, quem se opõe ao sistema é posto na geladeira e se chiar muito é guardado dentro do freezer.
Por essas e tantas outras quem se hospeda na casa da mãe Joana, quando vai embora, não leva mais consigo a imagem da casa do ouro negro ou das oportunidades e sim a casa da bagunça e da anarquia total.
Cássio Lopes, Escritor e Historiador.

Artigo publicado na tribuna livre do jornal "Tribuna do Pampa", página 03.

quarta-feira, 30 de março de 2011

NÚCLEO DE PESQUISAS HISTÓRICAS DE CANDIOTA VISITA O MAUSOLÉU DO BRIGADEIRO MANOEL LUCAS DE LIMA


Em trabalho de pesquisa de campo, pelo Passo do Tigre, Segundo distrito de Jaguarão Grande em Candiota, integrantes do Núcleo de Pesquisas Históricas de Candiota-NPHCAN visitaram o Mausoléu do Brigadeiro Manoel Lucas de Lima, conhecido popularmente como “Cemitério da Igrejinha. O Mausoléu, construído no final do século XIX, chama atenção pela beleza de seus detalhes em estilo Néo-Classico. Além de Manoel estão sepultados no local diversos parentes, sendo que foi possível a identificação de: Maria Pimentel de Lima e sua esposa Emilia Reverbel de Lima. Distante cerca de 500 metros do Mausoléu existe um túnel subeterraneo que provavelmente foi usado para fins de militares. Seu acesso é de difícil investidura, pois foi escavado praticamente “a pique”, sua fenda de entrada somente é possível através de rastejo e seu interior lembra uma caverna, onde pode abrigar tranquilamente de 3 a 4 pessoas. “Acreditamos que o túnel servia como ferramenta para surpreender inimigos, pois conforme relato de moradores da região, existia outra entrada do mesmo, distante 300 metros, atualmente atulhada.” Comenta Cássio Lopes, presidente da entidade. Para melhor conhecimento da comunidade o Núcleo fez um breve esboço da vida do Brigadeiro Manoel Lucas de Lima:
• Nasceu no segundo distrito de Piratini em 21 de Janeiro de 1815, filho de Vicente Lucas de Oliveira e Florencia Gomes de Lima.
• Ingressou em 1835 como praça na Revolução Farroupilha, no qual foi ferido por bala na articulação do punho direito, na Batalha do Ponche Verde. Concluiu a revolução no posto de capitão.
• Em 1851 lutou na guerra contra o ditador Rosas.
• Em 1865 casou-se com a Sra. Emilia Reverbel Lima.
• Foi comandante das guarnições da fronteira de Jaguarão, Bagé e Quarai.
• Em 1866, já coronel, comandou na Guerra do Paraguai, dez corpos de cavalaria. Decorrido dois anos em solo paraguaio, foi acometido por terrível moléstia que o obrigou retornar a pátria.
• Após uma vida dedicada, de 49 anos de valorosos serviços prestados a pátria, faleceu aos 68 anos em 25 de abril de 1883 na cidade de Bagé.

segunda-feira, 28 de março de 2011

Aquecimento global e Ocupação de ares de Risco

O mundo está mudando. Regiões que possuíam clima pitoresco, hoje estão com suas estações indefinidas e temperaturas fora do normal. Lugares onde existiam chuvas em abundancia, hoje sofrem com prolongadas estiagens e vice-versa. Catástrofes naturais assolam o planeta de ponta a ponta. Nenhum continente ou país esta livre da fúria da mãe natureza. Muitas tragédias com certeza poderiam ter sido evitadas, se não fosse o descaso do estado em frear a ocupação frenética e desordenada das áreas de risco em grandes cidades. A incompetência dos legisladores em resolverem a política habitacional em nosso país é gritante e ao mesmo tempo revoltante. Em quanto isso, a situação agrava-se cada vez mais, pois as pessoas, mesmo sabendo dos riscos que estão sujeitas, não deixam de invadir áreas ao lado córregos, rios, encostas e topos de morros... Nem mesmo as recentes tragédias ocorridas no Rio de Janeiro, São Paulo, Santa Catarina e Rio Grande do Sul são capazes de desencorajar os invasores de continuarem sua busca incessante por lugares a serem ocupados. Bueno! Você deve estar pensando: Mas o que eu tenho que ver com aquecimento global e Ocupação de áreas de risco? Todos nós temos sim e muito a ver com tais realidades. Pois se um de nós jogar apenas um papel de bala no meio ambiente e mais cem agirem da mesma forma, seremos responsáveis pela poluição de uma sanga. Se a proporção for aumentada de um para mil, estaremos poluindo um arroio. E se dez mil tomarem a mesma atitude de um estaremos contribuindo para poluição, degradação e destruição de um rio. Parece mentira, mas se alguém por mais ingênuo que seja, jogar um toco de cigarro num descampado ou matagal, será autor de um incêndio, que dependendo da situação do terreno, o fogo poderá alastrar-se rapidamente e gerando assim uma grande tragédia. Sem contar que estará poluindo atmosfera e ajudando reduzir a camada de ozônio. Em relação invasão e ocupação de áreas de risco, lembrai-vos do que disse o Senhor a Moisés no Monte de Sinai: “Não removerás os marcos do teu próximo, colocados pelos teus antecessores na tua herança que receberás, na terra que o Senhor teu Deus te dá para a possuíres”(Deuteronômio 19:14) e "maldito aquele que remover os limites do campo do seu próximo"”(Deuteronômio 27:17). Nosso planeta está clamando por socorro, o fim dos tempos está próximo. Não fique aí parado, faça sua parte. Pequenas atitudes podem parecer inúteis, mas somadas podem mudar o mundo.

Publicado no Jornal A Primeira Folha, primeira quinzena de Março de 2011.

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

BBB Baita Besteira Brasileira

Vinte e nove milhões de ligações do povo brasileiro votando em algum candidato para ser eliminado no BBB.
Vamos colocar o preço da ligação da 0300 a R$0,30, então teremos R$8.700.000,00. Isso Mesmo! Oito Milhões e setecentos mil reais o povo brasileiro gastou (e gasta) a cada paredão.
Suponhamos que a rede globo tenha feito um contrato comercial com a operadora 0300, ou seja, ela embolsou R$4.350.000,00. repito: Somente em um paredão.
Alguém poderia ficar indignado com a rede globo e a operadora de telefonia em saber que as classes menos letradas e abastadas da sociedade, que ganham mal e trabalham o ano inteiro, ajudam a pagar o premio do vencedor e, claro, contas dessas empresas.
Mas o “x” da questão caro leitor, não é esse. É saber que paga-se para ter um entretenimento vazio, que em nada colabora com a formação e conhecimento de quem dela desfruta. Mostra só a ignorância da população, além da falta de cultura e até vocabulário básico dos participantes e, consequentemente, aqueles que só bebem dessa fonte.
Certa esta a rede globo! O programa BBB dura cerca de três meses. Ou seja, o sábio público tem várias chances de gastar quanto dinheiro quiser com as votações.
Aliás, algo muito natural, para quem gasta mais de oito milhões em uma só noite. Coisa de país rico como nosso, claro!
Nem a Unicef com o programa “criança esperança”, com forte cunho social, arrecada tanto dinheiro.
Vai ver deveriam bolar um “BBB Unicef”. Mas tenho dúvidas se daria audiência. Prova disso é que na Inglaterra pensou-se em fazer um Big Brother só com gente inteligente. O projeto morreu na fase inicial, de testes de audiência. A razão? O nível das conversas diárias foi considerado muito alto, ou seja, o público não se interessaria.
Programas como BBB existem no mundo inteiro, mas explodiram em terras tupiniquins. Um país onde o cidadão vota para eliminar um bobão(ou uma bobona) qualquer, mas não lembra de quem votou na ultima eleição.
Que vota numa legenda política sem jamais ter lido o programa do partido, mas que gasta seu escasso salário num programa que acredita ser de extrema utilidade para seu desenvolvimento pessoal e, não perde um capitulo sequer do BBB para estar bem informado na hora de PAGAR pelo seu voto. Que eleitor é esse? Depois não adianta dizer que político é ladrão, corrupto, safado, etc. Quem os colocou lá? Claro o mesmo eleitor do BBB! Aí agüente Projetos de lei mirabolantes de aumento disso e da daquilo, tudo à custa dos contribuintes. Mas o contribuinte não deve ligar mesmo, ele tem condições financeiras de juntar oito milhões de reais em uma única noite para se divertir?
Ao invés de comprar um livro de literatura, filosofia ou de qualquer assunto para melhor articulação e autocrítica... Chega de buscar explicações sociais, coloniais, educacionais. Chega de culpar a elite, políticos, o congresso. Olhemos para nosso umbigo, ou do Brasil. Chega de procurar desculpas, quando a resposta esta em nós mesmos.


José Neumani Pinto- Rádio Jovem Pan.

CARTA PARA MEU PAI

Pai quando naquele dia me colocaste no carro, fiquei alegre e faceiro, pois achei que nós iríamos fazer um passeio juntos. Agora que faz uma semana que estou aqui nessa estrada, sinceramente não sei por que me deixaste aqui! Se foi por causa daquela vez que ao te encontrar pulei e sujei tua roupa, ou talvez outra ocasião que arranquei algumas penas de uma galinha do vizinho, ou quem sabe foi aquele dia que corri atrás de um motoqueiro que passava pela rua. Olha pai, me perdoa se não agi conforme o teu agrado, mas quero que saibas que se fiz alguma coisa errada, não foi por mal. Pai, sinto muito a tua falta, do teu jeito, do teu cheiro... Ainda me lembro das nossas brincadeiras com a bola e quando jogavas longe um pedaço de madeira para eu buscar... ai, ai... quantas recordações, até parece que foi ontem, que quando chegaste de teu trabalho percebi teu semblante de tristeza e me deitei aos teus pés, tu baixaste lentamente tua cabeça, e senti tuas lágrimas pingarem em cima de meu pelo. Aquelas gotas salgadas foram uma gloria para mim, pois logo se transformaram num lindo sorriso teu seguido de um prolongado carinho, que até hoje não me sai da memória. Pai, por aqui somente vejo ao meu redor campo e mais campo e de vez quando algum carro, carroça ou bicicleta que passa pela estrada. Faz vários dias que não me alimento, a última refeição que fiz, foi uma carniça de um bicho que achei no meio do campo. Pai alguns dias atrás, um homem jogou na estrada um pedaço de carne fresquinha, corri o mais ligeiro que pude para tentar pega-la, mas infelizmente, outro cachorro conseguiu chegar primeiro que eu e a engoliu inteira. Pai por aqui as horas durante o dia parecem ser muito mais longas e as noites intermináveis, pois quase não consigo dormir por causa dos diversos sons assustadores que por aqui pairam. Essa noite não consegui pregar o olho, pois o cachorro que comeu aquele pedaço de carne que eu tanto desejava, passou a madrugada inteirinha gritando desesperadamente de dor. Ao amanhecer o encontrei morto com os olhos esbugalhados, a boca ensangüentada e suas fezes cheias de cacos de vidros. Pobre animal, morreu agonizando. Com certeza foi papai do céu que me livrou dessa, pois foi por um triz que não peguei aquela carne! Pai estou magro, minhas costelas estão aparecendo, meus olhos estão pequenos e fundos. Estou muito fraco, minha forças estão chegando ao fim, mas mesmo assim, ainda sonho que um dia venhas me buscar e não me importo de dormir ao relento, frio e chuva, desde que seja bem pertinho de ti. Pai, não sei até quando vou agüentar, mas independente do que aconteça daqui para frente, quero que saibas que tu eras tudo para mim e que embora esteja longe de ti não deixei de te amar um só segundo .

Com carinho,

Do Seu Querido Cãozinho Amigo.


Publicado na Coluna Livre do Jornal a Primeira Folha, Página 03, de 25 a 27/09/2010

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Uma Migração Desenfreada

Na década de 1960 foi inaugurada a primeira Usina Termoelétrica em Candiota, marco importantíssimo para o desenvolvimento de Bagé e Região. Anos após, foi construída outra unidade com muito mais capacidade de geração de energia. A obra por seu tamanho necessitou de um grande número de funcionários para seu funcionamento. E devido a essa demanda, centenas e centenas de pessoas oriundas de várias partes do Rio Grande e até de outros estados, vieram freneticamente buscar uma vaga de trabalho. A maioria dessas pessoas, após se empregarem por aqui, fincaram moradia, criaram seus filhos, os quais, alguns tiveram a felicidade, as vezes as custas de muito sacrifício, de estudar e se qualificar.
Transcorridos quarenta anos a situação mudou totalmente. Agora os pioneiros que aqui trabalharam e ganharam a vida e seus filhos, estão migrando para outras regiões do Rio Grande, outros estados e até para o exterior. Mas qual seria o fator que leva tantos Candiotenses cada vez mais a migrarem para outras querências? Seria por falta de escolas técnicas ou universidades para se qualificarem? Ou quem sabe não é pela escassez de opções de lazer e divertimento? Não, caros leitores! O crescimento descomunal da evasão de tantos Candiotenses de seu querido pago, se deve à politicagem que reina nestas bandas e em grande parte dos municípios da região da campanha... Atualmente se escolhe um candidato para ocupar determinada vaga de emprego, não pelo seu potencial, conhecimentos, qualidades e currículo, mas sim pelo rótulo que aparenta ter: Se ele é integrante do “rubro-negro” e seus similares, não terá vaga de maneira alguma na equipe do “alvi-rubro”. Se joga pelo lado direito do campo, não será nunca escalado para desempenhar seu futebol no lado esquerdo e vice versa. Sem contar o expressivo número de grandes empresas que aqui deixaram de investir por pura vaidade de alguns “caciques de meia tigela” que querem a qualquer preço ser o “pai da criança”, com o intuito de usar esse codinome para obter vantagens em futuras eleições. Ai eu pergunto: Quando essa palhaçada vai terminar? Espero que não tarde muito, pois se continuarem com essa guerrinha de vaidades, Caxias do Sul, Bento Gonçalves, Porto Alegre, Santa Catarina, São Paulo e Paraná, agradecem, porque estão aumentando a cada dia que passa o número de suas Comunidades formadas por ex-Candiotenses, Bageenses, Pedritenses e Pinheirenses. E se facilitarem muito até os que aqui tem raiz encravada e os concretados vão dar o seu Adeus definitivo para infelizmente nunca mais voltarem.

Publicado na coluna livre do Jornal A Primeira Folha, página 03, 28 a 30/01/2011.

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

O “sonho” do funcionalismo público...

O "sonho" do concurso público, basicamente, é a mentalidade patrimonialista que se repete de geração por geração, de se achar distinto, por pertencer às esferas do poder estatal.

Certo dia eu me deparei com uma frase que me soou, no mínimo, estranha. Um juiz federal, que também é professor e escritor de livros para concurso público, chamado William Douglas, falou do"sonho de passar em concurso público". Se um grupo de pessoas supõe que ser funcionário público é um sonho, é porque as coisas vão de mal a pior. Assustadores são aqueles indivíduos presunçosos, que acham que o estreito mundinho da burocracia seja o mais elevado nível de reconhecimento social e garantia econômica. Esses aí olham a sociedade de cima para baixo, sabe-se lá por quê. Todavia, de uma coisa há de se concluir: quando uma parte não muito pequena da sociedade sonha com cargos públicos, tal fato revela a falta de opção, a pobreza econômica e a visão social turva de uma nação.

É perfeitamente compreensível entender por que uma boa parte estudiosa e universitária da população procura cargos públicos: a iniciativa privada paga maus salários e os empregos, em sua maioria, aparentam não ser promissores. Os salários de cargos públicos, à primeira vista, são atraentes. Todavia, pouca gente se pergunta o preço dessa mania e por que muitos empregos privados são tão ruins. A fórmula é relativamente simples: cerca de quase metade da renda nacional está nas mãos do Estado. Essa renda toda, decerto, não é produzida pelo funcionalismo, que no país, é um verdadeiro exército de gente empregada e cara. No entanto, mesmo que o cidadão comum pague uma carga tributária pesadíssima, eis o que se vê nos serviços públicos em geral: hospitais e escolas públicas caindo aos pedaços, papeladas e mais papeladas para resolver problemas burocráticos que poderiam ser simples e a corrupção, que em certos setores, se torna generalizada. E seus efeitos são sentidos também na iniciativa privada: pouca acumulação de capital e poupança, salários baixos, escassez de bons empregos e empobrecimento geral.

Se não bastasse o mercado ser exaurido por conta dessa estrutura estatizante, uma boa parte da sociedade guarda também um sólido ranço mercantilista. A empresa privada brasileira pode ser competitiva e muitos brasileiros são grandes empreendedores. Porém, eles enfrentam toda uma estrutura institucional que parece odiá-los e a hostilizá-los. A mentalidade vigente na política e na economia brasileira não parece gostar de livre concorrência. Empresa privada que se dá bem é aquela que presta salamaleques ao governo e vive numa bizarra espécie de capitalismo sem riscos. Ou melhor, onde os lucros são privados e os riscos são públicos. É possível entender por que muita gente foge do ofício de ser empresário. Há toda uma sorte de dores de cabeça para realizar tal atividade: impostos altíssimos, fiscais da receita ou do trabalho corruptos, direitos trabalhistas altos e impagáveis, contas pesadas a pagar, sem contar as dificuldades inúteis para regularizar uma empresa. Até fechar um negócio se torna dispendioso. A despeito de ser o elemento motivador que gera a riqueza econômica do país, o empresário é estigmatizado como uma criatura exploradora e parasita, cuja atividade é uma "concessão" que o Estado oferece, como um mal necessário. As restrições burocráticas ao livre mercado são assombrosas e desestimulantes. Cabe acrescentar outras dificuldades graves: as reservas de mercado nas práticas empresariais, profissões, ofícios. E também privilégios em relação aos empréstimos, subsídios e incentivos fiscais que o Estado proporciona para certos empresários amigos do rei. A concorrência, neste caso, se torna desleal.

É paradoxal que em nosso país, a iniciativa privada se sinta dependente ou refém do Estado. Contrariamente ao bom senso de todas as filosofias políticas, não é o Estado que se torna elemento subsidiário e marginal da sociedade e da iniciativa privada, mas é a própria sociedade e a iniciativa privada que são elementos subsidiários e marginais do Estado. É como se a iniciativa privada fosse parte do próprio Estado e não um elemento separado, dicotômico, tal como ocorre nas sadias democracias modernas. Daí a promiscuidade entre o público e privado, entre o empresário privilegiado e o político e burocrata vigarista e corrupto. Daí o patrimonialismo, que confunde a autoridade pública abstrata do cargo com a própria pessoa do cargo.

Um exemplo claro disso é quando o eleitorado vota inspirado no assistencialismo governamental. O retrato dessa anomalia é a bolsa-família e demais subsídios aos pobres. Na mentalidade da maioria dos eleitores ignorantes, o Estado, como um pai, um coronel, um senhor de engenho, foi caridoso, deu de comer aos famélicos coitados. O Estado não é uma figura burocrática e impessoal. Ele tem sentimentos e vontade própria. Sua ação não se faz por conta das leis, para retribuir à sociedade o que recolheu em impostos, mas porque realiza um "favor",uma generosidade, uma boa ação ao povo pobre. Assim pensaram os eleitores nordestinos que votaram em peso em Dilma Rousseff para presidente. Na mentalidade deles, o Estado não é uma entidade abstrata, porém uma figura personalizada, na pessoa do Sr. Lula. O mesmo se aplica ao chamado Prouni, ao subsídio que o governo federal dá aos estudantes pobres para ingressarem nas universidades.

Na propaganda do governo, uma atriz relata: - Antes, medicina era coisa pra rico! Tal como um lacaio de senzala ou um menino de recados do Brasil colonial, a criatura reproduz um pensamento secular de servilismo arraigado na população. Claro, o futuro ex-presidente demagogo captou perfeitamente a psicologia dos pobres para tratá-los como "filhos", tal como um senhor de engenho trataria seus lacaios da fazenda. O mesmo princípio se aplica aos empresários benevolentes e bajuladores do governo, que ganham privilégios com essa aliança subserviente e desigual. A empresa privada vive amarrada numa situação legal de chantagem tributária com o Estado, idêntica a uma relação entre um eterno devedor e um agiota. O governo cria leis tributárias impossíveis de serem cumpridas e o empresário médio se torna um eterno cativo dos fiscais da receita. Na prática, trocou-se o senhor de engenho e o burocrata português pela figura personalista do Estado soberano, do governo federal. A soberania estatal, por assim dizer, virou um grande senhor de engenho. E os seus cidadãos, verdadeiros escravos da senzala, fazem contrição, agradecidos, pela generosidade do ogro filantrópico governamental.

Mesmo a psicologia da criatura da propaganda do Prouni reflete um atraso civilizador: medicina, como funcionalismo público, não é uma atividade profissional como outra qualquer, dentro de uma nação capitalista e democrática. É uma outorga governamental, um status bacharelesco, que a distingue dos seres mortais, tal como os nobres do Antigo Regime. Por mais que o governo jorre dinheiro para universidades de péssima qualidade, inclusive, sendo que a maioria delas tenha as piores notas no ENADE (Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes), o importante não é ter cultura intelectual séria, mas sim distribuir diplomas a granel, inflar as estatísticas governamentais e formar centenas de milhares de bacharéis analfabetos funcionais.

Lima Barreto, no seu delicioso romance "Os Bruzundangas",dizia que a fama generalizada de "doutores" era um simulacro de título de nobreza de toga, tal como a nobiliarquia dos "Dons" da Espanha. O mesmo sentimento se aplica aos funcionários públicos. O "sonho" do concurso público, basicamente, é a mentalidade patrimonialista que se repete de geração por geração, de se achar distinto, por pertencer às esferas do poder estatal.

É mais compreensível ainda por que a inteligentsia brasileira busque na burocracia, um sinal de ascensão social. Mesmo os mais acérrimos intelectuais críticos do patrimonialismo estatal brasileiro, com sólido pensamento liberal, são ou foram funcionários públicos. Essa questão denuncia a carência ou pobreza, dentro da iniciativa privada, de atividade intelectual fora da influência do Estado. Mesmo a educação privada e universitária brasileira é uma extensão do Estado e segue todas as cartilhas impostas pela burocracia. Não há um reitor, um professor universitário, um livre pensador que questione a intervenção estatal sufocante em escolas e faculdades privadas. Na verdade, livre pensamento no Brasil é estatizado. Historiador, sociólogo, filósofo, professor, economista não é aquele que estuda história, sociologia, filosofia, letras, pedagogia ou economia e sim quem possui diploma desses conhecimentos. Ainda que o indivíduo seja um completo ignorante nessas matérias, o culto da papelada prevalece sobre o conteúdo real. O autodidata estudioso não existe na cultura intelectual brasileira, salvo, é claro, se tiver um papel timbrado. Quando a papelada bacharelesca não resolve ou quando simplesmente não a possui, vira naturalmente funcionário público.

Os empresários da educação não querem brigar contra o Estado; morrem de medo dos governantes. E professores e alunos parecem crer que seja "natural" que o Estado imponha projetos, políticas pedagógicas ou mesmo reles doutrinação ideológica através de burocracias aladas do MEC (Ministério da Educação), em Brasília. Algum professor do país conhece quem está ditando as cartas para educar os alunos? Algum pai de família questiona o que seus filhos estão aprendendo na escola? Os burocratas socialistas da educação já estão ditando para nós o que devemos ou não ler nas salas de aula: Monteiro Lobato, um clássico infantil de gerações de crianças brasileiras, foi ameaçado de ser banido pelo Conselho de Educação, por ser considerado "racista". E se não bastasse a perversão pedagógica desses doutos ursos sábios da engenharia social travestida de educação, já querem impor cartilhas homossexuais nas escolas, para menores e adolescentes! Todavia, uma boa parte dos brasileiros confia cegamente na sacrossanta autoridade dos "sonhadores" do concurso público, ainda que contraditoriamente critique seus serviços!

Embora o concurso público seja um avanço administrativo, pois ajudou a impessoalizar a burocracia estatal, tornando-a mais competitiva e meritocrática (ao menos na seleção dos quadros internos), no entanto, o corporativismo continua atuante e a mania do cargo público constitui uma anomalia social perigosa. Pouca gente percebe nessa onda a feroz concentração de poder estatal, o afunilamento do mercado de trabalho e demais opções de emprego na sociedade civil. A pergunta que fica no ar é: com um exército de funcionários públicos, quem pagará a conta? Quem pagará o déficit da previdência social, que explode a cada dia e endivida cada vez mais o Estado? Alguém já percebeu quem é o sujeito mais privilegiado no recolhimento de impostos? Com certeza não é o contribuinte. Uma parte considerável dos impostos é para pagar a folha de salários do funcionalismo público. Em alguns casos, essas folhas superam, de longe, todos os gastos necessários em serviços, em favor do cidadão comum.

É inteligível por que muitos indivíduos "sonhem" com o concurso público. O "sonho" do concurso público escamoteia uma realidade perversa da sociedade brasileira: uma nação pobre, dominada por um capitalismo cheio de cartéis, reservas de mercado e distorções governamentais, que encarece a vida econômica e escasseia os empregos. É uma economia rigidamente estratificada, que teme os riscos e cria empecilhos estúpidos para os mais competitivos. Chega a ser paradoxal que os mais competitivos procurem no Estado, aquilo que não acham no mercado. Claro que os "concurseiros" só são competitivos quando estudam para as provas. Depois se tornam parasitários em privilégios. Ciosos do seu bem estar, de sua estabilidade profissional e de suas regalias profissionais, uma parte significativa deles é abertamente hostil a quaisquer mudanças de ordem econômica, quando implicam a diminuição do Estado ou do orçamento.

Não há de surpreender porque o funcionalismo público, em sua grande parte, adota o socialismo como ideologia. Sob o disfarce de um discurso progressista, é uma classe reacionária por excelência, quando a questão é a defesa de seus privilégios. O ódio disseminado contra o patrão, o capitalista real ou o empreendedor privado, no âmago dessas doutrinas estatizantes, coaduna com o amor idolátrico pelo chefe abstrato que é o Estado. Esse chefe abstrato não tem olhos, não tem vida ou comando próprio para cobrar a conta deles. Nem mesmo o contribuinte médio, que supostamente é o seu chefe, tem olhos fiscalizadores para o dinheiro que é tirado de seu bolso. Na verdade, o próprio funcionário público é o chefe, o comando, o próprio Estado. E numa inversão de hierarquias, aquele que deveria ser servido, que é o cidadão comum, é o seu mais atribulado servidor. Ou melhor, o seu mais atribulado servo.

A segurança estatal ilusória da estabilidade é um dos atrativos da carreira pública. Parte-se do mecanismo psicológico de isenção de responsabilidade individual e da transferência de custos do funcionalismo público para o próprio Estado. Daí a crença fantasmagórica de que o socialismo, expandindo suas garras sobre a sociedade, expandirá também os confortos restritivos da burocracia. Contudo, esses confortos só existem porque há uma margem de mercado livre, com todos os empecilhos burocráticos existentes. São os empresários e trabalhadores privados que produzem os bens de consumos baratos e acessíveis para esse mesmo funcionalismo. Ou mais, é a livre empresa e o trabalhador assalariado da iniciativa privada que pagam os salários e os consumos dos servidores públicos. Sem este mero detalhe, os confortos do grosso da burocracia estatal simplesmente desaparecem. Ou na melhor das hipóteses, só uma nomenclatura bem diminuta se beneficiaria com essa concentração de poder governamental(como de fato, ocorreu em todos os países socialistas).

Na verdade, o funcionalismo público é, por natureza, um grupo cujos ganhos estão na ineficiência. Quanto mais o Estado gastar com eles, melhor. Não há uma relação direta entre os salários dos cargos públicos com produtividade. Pelo contrário, quanto menos trabalho e maior ganho, maior é a recompensa. Em suma, o funcionalismo público é uma classe que quanto mais se agiganta, mais se torna inútil, mais se torna incontrolável. O potencial de subversão do funcionalismo público é altamente destrutivo. E em nome disso, pode ameaçar tanto a economia, como as liberdades de um país democrático.

Não condeno quem busca a carreira pública. Sob muitos aspectos, as vantagens do funcionalismo são sedutoras e é uma atividade laboral e honesta como qualquer outra. Em muitos países ricos e democráticos, o funcionalismo público tem um significado bastante secundário, como de fato, deve ser. No entanto, é criticável a mitificação do cargo público como se fosse uma atividade superior, acima do bem e do mal, ou um "sonho", na visão do juiz William Douglas. Este "sonho" custa muito caro ao país. No Brasil, o cargo público ganha aura mística, sacerdotal, importância desproporcional e absurda. O inchaço do poder público e a expansão da burocracia estatal é uma tragédia para o país. Onera o contribuinte, arruína as contas do Estado e poda o desenvolvimento de uma nação.

Leonardo Bruno | 27 Dezembro 2010
Artigos - Cultura

A Obesidade Mental - Andrew Oitke

O prof. Andrew Oitke publicou o seu polémico livro «Mental Obesity», que revolucionou os campos da educação, jornalismo e relações sociais em geral.
Nessa obra, o catedrático de Antropologia em Harvard introduziu o conceito em epígrafe para descrever o que considerava o pior problema da sociedade moderna.
«Há apenas algumas décadas, a Humanidade tomou consciência dos perigos do excesso de gordura física por uma alimentação desregrada.
Está na altura de se notar que os nossos abusos no campo da informação e conhecimento estão a criar problemas tão ou mais sérios que esses.
Segundo o autor, a nossa sociedade está mais atafulhada de preconceitos que de proteínas, mais intoxicada de lugares-comuns que de hidratos de carbono.
As pessoas viciaram-se em estereótipos, juízos apressados, pensamentos tacanhos, condenações precipitadas.
Todos têm opinião sobre tudo, mas não conhecem nada.
Os cozinheiros desta magna "fast food" intelectual são os jornalistas e comentadores, os editores da informação e filósofos, os romancistas e realizadores de cinema.
Os telejornais e telenovelas são os hamburgers do espírito, as revistas e romances são os donuts da imaginação.
O problema central está na família e na escola.
Qualquer pai responsável sabe que os seus filhos ficarão doentes se comerem apenas doces e chocolate.
Não se entende, então, como é que tantos educadores aceitam que a dieta mental das crianças seja composta por desenhos animados, videojogos e telenovelas.
Com uma “alimentação intelectual” tão carregada de adrenalina, romance, violência e emoção, é normal que esses jovens nunca consigam depois uma vida saudável e equilibrada.
Um dos capítulos mais polêmicos e contundentes da obra, intitulado "Os Abutres", afirma:
O jornalista alimenta-se hoje quase exclusivamente de cadáveres de reputações, de detritos de escândalos, de restos mortais das realizações humanas.
A imprensa deixou há muito de informar, para apenas seduzir, agredir e manipular.
O texto descreve como os repórteres se desinteressam da realidade fervilhante, para se centrarem apenas no lado polêmico e chocante.
Só a parte morta e apodrecida da realidade é que chega aos jornais.
Outros casos referidos criaram uma celeuma que perdura.
O conhecimento das pessoas aumentou, mas é feito de banalidades.
Todos sabem que Kennedy foi assassinado, mas não sabem quem foi Kennedy.
Todos dizem que a Capela Sistina tem teto, mas ninguém suspeita para que é que ela serve.
Todos acham que Saddam é mau e Mandella é bom, mas nem desconfiam porquê.
Todos conhecem que Pitágoras tem um teorema, mas ignoram o que é um cateto.
As conclusões do tratado, já clássico, são arrasadoras.
Não admira que, no meio da prosperidade e abundância, as grandes realizações do espírito humano estejam em decadência.
A família é contestada, a tradição esquecida, a religião abandonada, a cultura banalizou-se, o folclore entrou em queda, a arte é fútil, paradoxal ou doentia.
Floresce a pornografia, o cabotinismo, a imitação, a sensaboria, o egoísmo.
Não se trata de uma decadência, uma “idade das trevas” ou o fim da civilização, como tantos apregoam.
É só uma questão de obesidade.
O homem moderno está adiposo no raciocínio, gostos e sentimentos.
O mundo não precisa de reformas, desenvolvimento, progressos.
Precisa sobretudo de dieta mental.

Por João César das Neves - 26 de Fev 2010