A casa da mãe Joana era bonita, vistosa, bem arrumada e organizada. Mas de um tempo pra cá seus filhos se aporrearam e a casa que dava gosto de ver, hoje está totalmente mudada.
Na casa da mãe Joana tudo pode, se atira resto de podas, entulhos, móveis velhos e até animais mortosnas ruas, terrenos, áreas verde e praças em plena luz do dia com a maior naturalidade.
Na casa da mãe Joana, no bairro de baixo, há anos as ruas e calçadas foram abertas para troca de tubulação e até hoje não foram consertadas. Em certos lugares, o esgoto corre céu aberto ininterruptamente,fazendo pairar no ambiente um fedor insuportável.
Na casa da mãe Joana diversas crianças tem que caminhar quilômetros para pegar o transporte escolar, pois as estradas estão intransitáveis, com valetas tão grandes que cabe um terneiro e nos dias de chuva até trator peludeia.
Na casa da mãe Joana a falcatrua rola solta, se vende ou arrenda o que se ganha do governo, às custas do contribuinte, e invade patrimônio alheio e depois se vende tranquilamente por meia dúzia de pilas.
Na casa da mãe Joana, se vende terreno em área nobre por metade do preço de mercado em prestações a perder de vista e alguns casos os “felizes contemplados” já se foram embora “das casa” há muito tempo.
Na casa da mãe Joana se tornou rotina depredar patrimônio histórico e cultural como se valesse nada.
Na casa da mãe Joana, se traz gente de fora para ocuparemcargos e funções simples que poderiam muito bem ser ocupadas pelos filhos daqui.
Na casa da mãe Joana,quando uma teta seca “os da flor” mais que ligeiro se atracam noutra.
Na casa da mãe Joana, o tucano anda de bico quebrado e por mais que se esforce, nunca cantará de galo.
Na casa da mãe Joana, se cobra ferrenhamente o exemplo dos pequenos, enquanto “se passa a mão por cima” dos grandes.
Na casa da mãe Joana, quem se opõe ao sistema é posto na geladeira e se chiar muito é guardado dentro do freezer.
Por essas e tantas outras quem se hospeda na casa da mãe Joana, quando vai embora, não leva mais consigo a imagem da casa do ouro negro ou das oportunidades e sim a casa da bagunça e da anarquia total.
Cássio Lopes, Escritor e Historiador.
Artigo publicado na tribuna livre do jornal "Tribuna do Pampa", página 03.
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