A antiga estância dos Silva ficava localizada à margem direita da estrada do Jaguarão Grande, em Candiota, sentido Dario Lassance/assentamentos (área hoje conhecida como Candiotão) e era de propriedade do Sr. Orlando Silva.
Tapera da antiga Estância de Orlando Silva. Candiota-RS.
Orlando a comandava com mãos de ferro e, em questão de três décadas, conseguiu conquistar dinheiro e prestígio na região, com muito esforço e dedicação.
Orlando tinha como costume escolher suas montarias, sempre de pelagem tordilha que, aliás, ao longo do tempo, ficou como sua marca registrada pois, sempre que ia a alguma carreira, marcação ou baile, o identificavam-no de longe como “o homem do cavalo branco”.
Na estância, sempre trabalhou com vários empregados. Entre eles: Luiz Alípio Duarte e sua filha Margarida Duarte.
Luiz relatava que, volta e meia, sonhava com Gaudêncio Silva, ancestral de Orlando, lhe mostrando um local, onde estava escondida uma guampa de dinheiro; porém, Luiz , por ter medo, nunca se animou a retirar.
Com o passar do tempo, Orlando foi ficando velho e doente, acabando por falecer. Uns meses após sua morte, numa noite qualquer, os peões estavam dormindo no galpão, quando, de repente, foram acordados com sons de cascos de cavalo e escaramuçadas. Foram averiguar e se depararam com a imagem de Orlando, bem montado em seu cavalo tordilho.
Tomaram um susto tamanho, que, no outro dia, pediram as contas e se foram embora.
Após a morte de Orlando, dona Margarida não viu mais razões para ficar na estância e mudou-se para a vila de Dario Lassance e ali foi tocando sua vida, normalmente, até que, anos após, sonhou com sua antiga patroa, Aracy Martins da Silva, falecida há vários anos, que lhe indicava o caminho, onde estava escondida a tal guampa de dinheiro, aquela mesma que seu pai falava. Estava chegando bem perto do local, quando, no sonho, tropicou numa pedra e despertou. A partir daí, com medo, nunca mais tornou a sonhar com a patroa.
Para sua surpresa, uma década depois, correu uma notícia na região: um funcionário da Secretaria de Obras da prefeitura de Bagé, ao retirar pedras de dentro da antiga estância, que já estava tapera, encontrou a referida guampa de dinheiro numa cerca de pedra, bem como dona Margarida e seu pai tinham sonhado.
Dizem que o tal homem, quando achou a guampa, admirado com tanto dinheiro, abandonou o caminhão em que trabalhava com todos seus pertences dentro e foi embora a pé, sem deixar rastros. E desde esse momento em diante, ninguém mais ouviu falar de seu paradeiro.
FONTES: Lopes, Cássio Gomes. “Mistérios da Noite – Causos de Assombrações”, Bagé, Pallotti, 2014. 88 p.