Andrades Neves Manoel Lucas de Oliveira
Corria o mês de maio de 1843 quando aconteceu a surpresa de Ponche Verde, em Dom Pedrito, durante a Revolução Farroupilha, um dos últimos planos de Bento Gonçalves, quando resolveu levar o ataque às tropas imperiais comandadas por Bento Manoel Ribeiro.
Os rebeldes atacaram com energia, em cargas sucessivas de cavalaria sobre as hostes inimigas, com maior ímpeto sobre a ala direita, levando por diante a cavalaria desse flanco e redemoinhando, afinal, vitoriosos, em torno da posição contrária, que resiste bravamente, com apoio em dois blocos de infantaria de 300 homens cada, e a cuja sombra se abrigam, por vezes.
Durante o entrevero e sob a fumaça e a poeira dos recontros, o Coronel Manoel Lucas de Oliveira, no decurso do primeiro embate da tropa equestre, divisou, num relance, a soberba figura de Andrade Neves, cuja arte de montar fazia inveja a muitos dos mais consumados cavaleiros da época; com quase dois metros de altura, fazia malabarismos com o sabre e era tido como um dos melhores lanceiros do império.
Nesse arremesso de Lucas sobre o flanco direito das hostes imperiais, de espada em punho, foi a seu contendor tendo o corpo de seu adversário como alvo sinistro de seu destino; porém, Andrade Neves, mais rápido ainda, como um relâmpago na preservação da vida, girou o seu cavalo, esquivando-se do golpe mas, seu chapéu voou pelos ares e ficou, à guisa de troféu, na ponta da espada de seu antagonista. Ato contínuo, tentou ainda revidar o ataque mas o esquadrão do Coronel Manoel Lucas de Oliveira já se ia adiante, na sua faina arrasadora.
FONTE:
LOPES, João Máximo. “Habilidades Campeiras nas Guerras do Sul”, Porto Alegre, Evangraf/Núcleo de Pesquisas Históricas de Camaquã, 2012. 128 p.